Na segunda-feira dia 7, mais uma vez, Jair Bolsonaro aproveitou para cultuar o fascismo e a ditadura. Os venerados ídolos do governo golpista – assassinos e torturadores – são um genuíno símbolo da liberdade e do desenvolvimento humano nas declarações do presidente na rádio e na televisão. Para fazer frente ao genocídio e a uma das maiores crises financeiras da história, o programa bolsonarista, ou seja, o programa desesperado da burguesia propõe abertamente a luta contra a mobilização popular.
“Nos anos 60, quando a sombra do comunismo nos ameaçou, milhões de brasileiros, identificados com os anseios nacionais de preservação das instituições democráticas, foram às ruas contra um país tomado pela radicalização ideológica, greves, desordem social e corrupção generalizada”
Bolsonaro obviamente não pretende se utilizar de nenhum conhecimento de história. O fascista, digno de tal denominação, tenta colocar o Golpe de 64 como resultado de uma luta popular contra a desordem e a corrupção. Mesmo já sendo de conhecimento público que se tratou de uma investida da extrema direita para controlar e repreender a convulsão social, assim, para fortalecer o imperialismo no Brasil e reprimir mais ainda a esquerda nacional. O único “nacionalismo” presente na época pela direita foi a exaltação dos ideais estados unidenses, bem como a pressão violenta para entregar o País para os monopólios globais.
Para o infortúnio do presidente, suas medidas criminosas fomentam a radicalização política que cresce a cada dia. O povo brasileiro não aceita o Golpe, muito menos, Bolsonaro. São quase 130 mil mortos e milhões de contaminados. Com o avanço do desemprego, dos cortes salariais, das privatizações e da cassação aos direitos democráticos da população a indignação só aumenta. A palavra de ordem do Fora Bolsonaro já é de popularidade geral, além disso, cada vez mais se observam greves e manifestações da esquerda trabalhadora. Outra evidência disso, é que na Esplanada dos Ministérios o evento da extrema -direita nesse dia 7 reuniu apenas 1.000 a 2.000 apoiadores.
Ainda se curvando diante de falsos valores nacionais, ele pronunciou:
“No momento em que celebramos essa data tão especial, reitero, como Presidente da República, meu amor à Pátria e meu compromisso com a Constituição e com a preservação da soberania, democracia e liberdade, valores dos quais nosso País jamais abrirá mão”.
Aqui já fica clara a incoerência entre discurso e prática. Qualquer um pode declarar seu amor a qualquer valor abstrato, entretanto, a política só acontece nos fatos. Esses, apontam que o governo Bolsonaro nada tem de democrático e constitucional. Ser democrático significa defender a luta popular e a vontade da maioria, que neste momento não possui ao menos o direito de ficar em casa para se proteger do vírus. A falsa ideia de que vivemos uma democracia, abre espaço para o regime mais ditatorial que já vivemos na história. Os monopólios empresariais e bancários dominam as instituições, por isso, a constituição está sendo rasgada desde 88, principalmente depois do Golpe de 2016. Golpear uma presidente legítima sem nenhuma acusação é democrático? Prender o presidente eleito é para fraudar as eleições é ser democrático?
Vale enfatizar ainda, que nunca o Brasil esteve tão ameaçado pela privatização. A política de Guedes e de todos os golpistas é entregar o Brasil nas mãos do imperialismo. Como também, acabar com os direitos de luta da classe trabalhadora nacional. A título de exemplo tem-se a greve nacional dos correios, que não é reconhecida pelo TST e reivindica que a empresa continue sendo minimamente do povo brasileiro. Outra fala escancaradamente absurda ao sair da boca de Bolsonaro foi:
“A independência de nada vale se não tivermos liberdade. Esta, por tantas e tantas vezes, ameaçada por brasileiros que não têm outro propósito a não ser o poder pelo poder”.
Não é preciso ser nenhum universitário para entender do que se trata. O mesmo que defende a censura, a tortura e que já admite abertamente a perseguição a esquerda, defende a liberdade? Claro que não, seu propósito vai além de simplesmente poder pelo poder, através de uma ampla campanha de falácias, financiado pelo imperialismo, seu objetivo é esmagar a classe trabalhadora e proibi-la de ter qualquer tipo de poder político. Essa, e nenhuma outra, é a liberdade para Bolsonaro. Uma liberdade de classe.
A esquerda, para além dos panelaços durante o discurso no Rio, São Paulo e Brasília, precisa se colocar firmemente contra a ameaça de ditadura estabelecida nos discursos do poder executivo. A luta, neste momento, precisa ser combativa o suficiente para a derrubada popular do presidente golpista. Greves, piquetes, ocupações e grandes manifestações nunca foram tão necessárias. Só assim, com novas eleições gerais e com uma nova assembleia constituinte, será possível falar seriamente sobre constituição, democracia e liberdade.