A educação é uma das principais áreas que estão na mira do governo fascista de Jair Bolsonaro. Desde o início, e até mesmo antes, discussões e ações que iam d projeto “Escola Sem Partido” a cortes no orçamento educacional fizeram e fazem parte do desenho político defendido pelos apoiadores do governo.
Atualmente, uma das propostas mais animadoras para o Ministro da Educação, Abraham Weintraub – que por sinal, em meio à crise mundial causada pelo Coronavírus, cortou mais bolsas de pesquisas criminosamente – é a implantação de colégios militares.
Desde o ano passado, a proposta de levar o projeto ao estado de Roraima foi levantada pelo senador Chico Rodrigues (DEM-RR), para a Terra Indígena Moscow, em Bonfim (RR). Em fevereiro, a Coordenação-Geral de Educação Indígena, Quilombola e do Campo, ligada ao MEC, solicitou ao ministro que a comunidade em questão seja ouvida sobre o que tem a dizer a respeito da proposta. Isso porque o senador sequer prestou o serviço de consultar a população indígena antes de encaminhar a proposta ao ministro da Educação, Weintraub.
Segundo Chico Rodrigues, a finalidade de dispor de escola cívico-militar aos indígenas é “ensinar os valores do patriotismo a essas crianças”. Obviamente, a militarização, pelo contrário, desrespeita a cultura e os modos de vida que a comunidade historicamente mantém sob resistência, ameaça à sua soberania, assim como desrespeita os processos pedagógicos limitando a autonomia do professor que estaria sob o comando dos militares. A educação aos povos indígenas não deve se pautar em patriotismo, mas deve ser pautada na valorização de seus modos de vida, de forma democrática e que seja capaz de proporcionar abertura à novos horizontes que eles queiram buscar.
O projeto não é nenhuma novidade para quem conhece a trajetória ideológica do senador. Ele é o vice-líder do governo no Senado, já elogiou publicamente a nomeação de Regina Duarte na Secretaria de Cultura, já defendeu Jair Bolsonaro em declarações misóginas, posicionou-se a favor do Tribunal de Contas da União (TCU) e do presidente quando suspenderam a ampliação do Benefício de Prestação Continuada (BPC) à população de baixa renda etc. Logo, não se trata de uma proposta de alguém distante do governo, mas de alguém que faz parte do desmonte dos direitos básicos da população indígena e da população brasileira de um modo geral.