A volta do “vira, vira”
Numa campanha onde o principal lema nesta reta final era o “vamos virar”, Guilherme Boulos abandonou quaisquer ataques a seu adversário, o tucano Bruno Covas, principal representante da burguesia paulista, a mesma que massacra diariamente a população trabalhadora, e elegeu Bolsonaro.
No lugar dos ataques, a política do “amor” tomou lugar da luta popular, Guilherme Boulos e sua política de Frente Ampla “contra o fascismo” se mostrou, na realidade, uma sombra da política burguesa.
Em uma campanha cercada de ilusões, chegou-se anunciar uma virada após os dados divulgados pelo Datafolha na última terça-feira. Os partidários da Frente Ampla, viram no impulso dado pelos principais órgãos da burguesia golpista -sobretudo, Folha de São Paulo- como um dado positivo para as eleições, e partiram assim para uma direitização total de sua política.
Boulos passou a disputar não quem seria o candidato dos trabalhadores, mas sim, o da burguesia paulistana. Cercado de consolos por parte da imprensa burguesa, Boulos saiu derrotado, porém comemorando a derrota para os fascistas.
Na grande “festa da democracia”, o que menos importa são os resultados para a esquerda frente-amplista, mas sim, a consolidação do apoio da burguesia nacional a esta política, em um frontal ataque ao PT e aos trabalhadores.
Uma “boa sorte” aos fascistas…
Guilherme Boulos desejou “boa sorte” para um dos partidos mais criminosos que existem no Brasil: o PSDB. Pai de todos os fascistas atuais, o PSDB rege um verdadeiro controle sobre o principal estado da federação, e a sua consolidação na capital de São Paulo fortalece todo centro político e o regime golpista.
“Eu quero aqui cumprimentar o Bruno Covas [PSDB] e desejar que ele tenha sorte nos próximos quatro anos”, disse Boulos em seu discurso após a derrota.
Nesse sentido, em muito se assemelha, seja na política ou forma, com a campanha de segundo turno de Fernando Haddad, membro da ala direita do PT, e um dos principais apoiadores da política de Frente Ampla em 2020.
Haddad em 2018, decidiu por guinar sua campanha eleitoral para um viés profundamente direitista. Assim como Boulos, o vermelho sumiu de sua campanha, e na época, o verde e amarelo erguido pelos fascistas, passou a ser também disputado por aquela que supostamente seria a candidatura do povo.
Para piorar ainda mais a situação, Haddad ainda decidiu por parabenizar Bolsonaro pela vitória, em uma das maiores fraudes da história das eleições brasileiras. Vale lembrar, que estas foram as eleições que retiraram Lula da disputa de maneira ilegal, e que por fim, elegeram um fascista ao poder.
Haddad e Boulos desejam “boa sorte”. A famosa histeria eleitoral do voto útil contra o fascismo se mostrou o que realmente é: uma campanha meramente eleitoral.
Histeria, pânico, a derrota do fascismo pelas eleições um dia chegará?
Assim, de maneira inconsequente, a esquerda pequeno-burguesa decide por aterrorizar a população em uma campanha de desespero, e depois capitula de maneira vergonhosa entregando o poder nas mãos dos piores inimigos do povo brasileiro. No final, a luta contra o fascismo desaparece, a derrota eleitoral passa a se tornar um pretexto para a realização de novas alianças, com setores ainda mais direitistas.
Depois das eleições, o que era o maior inimigo da população passa a se tornar um possível aliado para momentos futuros. A campanha desaparece, o fascismo, aparentemente, se esvai também, e resta na propaganda política uma estranha “normalidade” .
Chama a atenção, que até poucos dias a esquerda pequeno-burguesa entrava em verdadeira histeria ao saber que o PCO não iria apoiar o candidato da frente ampla. Falavam em “traição”, em “apoio velado” a Bruno Covas, quando na prática, quem o fez foi o próprio Guilherme Boulos.
Contudo, a respeito de toda esta política, um dado se mostra relevante, e deixado as claras por mais um editorial da imprensa burguesa.
Agora por meio do Jornal O Globo, Boulos sai como um candidato que “emerge da eleição paulistana com cacife para ter papel de destaque nas discussões da disputada presidencial de 2012”.
O jornal que apoio o golpe continua mais a frente: “O candidato do PSOL conseguiu superar a hegemonia do PT no campo da esquerda em São Paulo. Desde 1988, o partido havia vencido ou terminado em segundo em todas as eleições da cidade.
Por enquanto, a ideia é que ele mantenha a sua atuação ativa nas redes sociais, território em que se consolidou como o antagonista do presidente Jair Bolsonaro.”
No mesmo ritmo, o presidente do PSOL, Juliano Medeiros, Boulos seria o “principal líder da esquerda em São Paulo”, ao mesmo tempo em que a imprensa fala em “derrota com gostinho de vitória”.
Da-se assim a entender que estamos sendo prometidos a um futuro brilhante, ao passo da franca ascensão do fascismo em todo mundo…