Segundo uma reportagem publicada no sítio do jornal golpista O Globo (“Auxílio emergencial e perda de renda dos mais ricos fazem classe C alcançar seu maior patamar histórico”, 9/10/2020), em agosto de 2020, quase 86% da população brasileira (mais de 180 milhões de brasileiros) viviam com até 2 salários mínimos. A reportagem utilizou um estudo elaborado pela FGV para chegar a este número, que por sua vez, baseou-se em dados do IBGE. Isso significa que uma maioria muito expressiva dos brasileiros ganha menos de R$2,1 mil por mês, 58% a menos do que mínimo vital, tal como compreendido pela Constituição liberal de 1988. Segundo o DIEESE, o mínimo para garantir uma família de 4 pessoas deveria ser de pelo menos R$ 5 mil.
Reflexo da política de guerra econômica movida pelo imperialismo contra o País e a classe trabalhadora brasileira, a pobreza da população só não é maior porque 67 milhões de brasileiros recebem o auxílio emergencial, que deve acabar ao término do ano. Severamente atingidos pela crise da economia, que segundo o IBGE leva 74 milhões de trabalhadores à desocupação no Brasil, essa camada, superior em números a população de muitas nações ao redor do mundo, não dispõe de empregos ou qualquer meio seguro de garantir a subsistência diária, tendo que se submeter a toda sorte de meios para escapar das mazelas da miséria, meios muitas vezes, tidos como ilegais.
Vale um destaque nessa questão por que, embora sob muitos aspectos a matéria d’O Globo seja uma propaganda ruim, ela não esquece o óbvio: sem o irrisório valor do auxílio emergencial (atualmente em R$300) a chamada “classe C” , que compreende 63,02% da população ganhando entre meio a até menos de 2 salários mínimos, estaria muito menor. A reportagem aponta que a redução nessa categoria social seria de 10 pontos percentuais (para 53,02% portanto). Convém lembrar que cerca de 67 milhões de brasileiros recebem o auxílio emergencial, o que torna 10 pontos percentuais uma estimativa muito conservadora.
Ainda de acordo com o levantamento, a chamada Classe A compreenderia um contingente de 27,88 milhões de brasileiros (13,28%), onde se encontra a parcela da população que ganha mensalmente 2 ou mais salários mínimos, ilustrando que a parcela social sendo atendida pela política bolsonarista é estatisticamente desprezível. Todo o País, está submetido e dependente do fora Bolsonaro.