A cultura é sem dúvida um dos setores mais duramente atingidos pela pandemia do coronavírus que por conta da grande capacidade de contágio tem tornado inviável a realização de eventos culturais presenciais. Estima-se que só no estado do Rio de Janeiro 450 mil pessoas do setor estejam desempregadas por conta da pandemia, o que pode ser ainda maior se considerarmos todos as trabalhadores da cultura que trabalham de forma autônoma e estão sem ter como manter seu sustento e de sua família.
Além de sofrerem com os desdobramentos da pandemia, os trabalhadores da cultura sofrem ainda com a falta de assistência por parte do estado que não tem tomado medidas verdadeiramente eficazes para amparar os que dependem da cultura que está paralisada. Até agora umas poucas e inúteis iniciativas foram tomadas pela secretaria da cultura do governo Bolsonaro relacionadas a editais e projetos que no momento são inviáveis ou de nada servem.
Foi aprovado ainda o auxílio emergencial para a cultura, que deve atingir 1,5 milhões em todo o país e que a assim como o auxílio emergencial comum não vai atingir todos que necessitam visto que pelo que se tem registro cerca de 5 milhões de trabalhadores vivem da cultura; além de ter um valor insignificante de R$600, abaixo até do salário mínimo e que é insuficiente para manter dignamente qualquer família. Ao mesmo tempo o coronavírus não está sendo combatido e mata mais de mil pessoas por dia enquanto o dinheiro que deveria estar sendo empregado para o povo é dado para salvar os bancos.
Eventos importantes que serviam de sustento para milhares de artistas no Rio de Janeiro e em todo o país não estão acontecendo há meses e pode ser um dos últimos setores a ser normalizados depois da pandemia. Muitos artistas têm recorrida às lives como forma de continuar seu trabalho e a financiamentos coletivos ou ajuda de vizinhos e parentes para se manter, isto graças ao forte instinto de sobrevivência que une a classe trabalhadora e o povo mais pobre e explorado pelos capitalistas.
Por outro lado temos os grandes empresários do entretenimento que controlam o trabalho de alguns artistas mais renomados dentro da bilionária indústria do entretenimento financiada por grandes marcas e que sempre exploraram ou massacraram o trabalho de artistas de menor visibilidade ou cujo trabalho não se encaixa nos padrões exigidos por seus financiadores. Estes estão lucrando cada vez mais com lives milionárias para promover suas marcas e usando sem limites a demagogias com a pandemia.
Fica claro que as dificuldades pelas quais os artistas independentes e os demais trabalhadores da cultura têm enfrentado em meio à pandemia se deve às investidas dos empresários do entretenimento que veem na cultura tão somente uma mercadoria com a qual lucram absurdamente enquanto a grande maioria que depende do setor cultural é esmagada e vive às migalhas mesmo sem a pandemia.
Combinado com isso há os ataques por parte do governo Bolsonaro, que pelo próprio presidente ilegítimo ou por seus membros já escancarou a perseguição ao setor que desde que a direita tomou o poder vêm sofrendo com inúmeros retrocessos e agravos, desde ter o ministério da cultura reduzido à uma secretaria até cortes gigantescos das verbas já escassas destinadas à cultura.
Desta forma não é nenhuma surpresa que os artistas e trabalhadores da cultura estejam em uma das situações mais delicadas dentro da crise impulsionada pelo coronavírus, com milhares de desempregados ou sem ter meios plenos para sobreviver. É necessários que os trabalhadores da cultura travem uma luta contra aqueles que os massacram, principalmente contra o governo Bolsonaro para impor que suas necessidades sejam verdadeiramente atendidas sem nenhum tipo de conciliação com a direita.