Desde a última semana, o Equador tem vivido uma situação de tipo insurrecional. O povo se levantou contra o presidente Lenín Moreno, que, tendo se apresentado como uma continuidade do governo nacionalista burguês de Rafael Correa, traiu todos os compromissos assumidos e se vendeu ao imperialismo ao assumir o governo.
A política de tipo neoliberal que Moreno está procurando aplicar no Equador se assemelha à política que todos os governos golpistas da América Latina vêm tentando impor nos diferentes países. Uma política de brutais ataques à população.
O que ocorreu no Equador faz parte de uma política adotada pelo imperialismo, diante da grave crise econômica que eclodiu em 2008, que organizou uma série de golpes na região para retirar governos nacionalistas burgueses e substituí-los por governos totalmente submissos aos interesses imperialistas.
Essa mobilização demonstrou sua força ao obrigar o presidente a mudar o governo de Quito para a cidade de Guayaquil, claramente fugindo da população que está em pé de guerra.
Lenín Moreno decretou estado de exceção e o governo está apoiado, nesse momento, sobre as forças armadas.
A ação das forças repressivas do Estado já resultou em mortes, que, segundo alguns, já teria passado de uma dezena, além de centenas de feridos e mais de mil presos.
O imperialismo e a direita latino-americana transformaram cinicamente a mobilização popular em golpe, enquanto que os verdadeiros movimentos golpistas, levados adiante pela classe média, seja no Brasil, seja na Venezuela, são apresentados como democráticos. Ou seja, enquanto o venezuelano Nicolás Maduro é apresentado como ditador, em razão das manifestações realizadas contra ele, Lenín Moreno é defendido.
O fato de que setores da esquerda adotem essa mesma concepção, em particular no que diz respeito à Venezuela, mostra o nível de adaptação à política imperialista.
Assim, embora importante, a mobilização ainda não significa uma reversão da atual situação do continente.
É uma ilusão a ideia de que a mobilização faria regressar à situação vivida no início do século, quando a política do imperialismo foi a de permitir a ascensão de governos nacionalistas para conter a revolta popular nos diversos países da América Latina.
A atual etapa, de agravamento da crise capitalista, tende a acirrar as lutas sociais e políticas, com cada lado radicalizando suas posições. Assim, a direita vai procurar estabelecer regimes cada vez mais autoritários para controlar a situação e poder aplicar sua política de entrega total dos países ao imperialismo.
Na luta contra os governos golpistas, incluindo o do Brasil, não há caminho fácil para a vitória. Isto é, nem uma simples mobilização e muito menos as eleições são suficientes para atingir esse objetivo. É preciso uma luta firme e intransigente para derrotar esses governos. No Brasil, além do “Fora Bolsonaro”, é obrigatória a palavra de ordem de “liberdade para Lula”, sem a qual não pode haver derrota do golpe.