O ex-presidente do Figueirense, Cláudio Honigman, atacou os jogadores chamando-os de terroristas por terem realizado uma paralisação e não entrado em campo contra o Cuiabá (MT) no dia 20/08 na Arena Pantanal pela 17ª rodada do campeonato brasileiro da série B, por conta de salários atrasados.
Os jogadores do figueira que já haviam reivindicado na semana anterior, por notificação extrajudicial, o pagamento dos salários deles e de funcionários do clube, além de direitos de imagem atrasados, e esperaram até o último momento da partida pelo cumprimento da promessa da empresa que administrava o clube. Como não houve o pagamento, os jogadores se reuniram e decidiram não sair do hotel para o estádio. O time levou o w.o, como previsto.
Nas palavras do empresário: “é chantagem feita pelos jogadores, é algo que eu aprendi há muito tempo nos meus negócios. É impossível você negociar com terrorista”.
As palavras do ex-dirigente e proprietário da empresa Elephant, que tinha contrato de 20 anos para administrar o clube, é a típica atitude dos patrões em atacar os funcionários e se fazendo de vítima da ação dos trabalhadores quando estes tentam se defender da ação criminosa dos patrões.
É preciso destacar que a ação dos jogadores é justa, legítima e plenamente amparada no direito de greve previsto inclusive na constituição federal. Os jogadores são trabalhadores e tem o direito de se manifestar e exigir seus proventos que são o sustento de qualquer trabalhador e suas famílias.
A prática de empresários como Honigman de atrasos, calotes, desvio de recursos que serviriam para pagar os trabalhadores, é muito comum no mundo trabalho e, ao que parece, vai se tornar prática rotineira no país, pois há toda uma campanha à favor do chamado “clube empresa”, já havendo, inclusive, projetos de lei tramitando na câmara de deputados federal. Defensores dizem a transformação das sociedades esportivas em empresas atrairá investidores para o futebol nacional.
Na verdade, o que essa mudança trará será a invasão de empresários especuladores internacionais que irá intensificar a exploração dos jogadores e funcionários dos clubes, buscando lucros cada vez mais altos, além de práticas comuns nos mercados financeiros como a sonegação fiscal, evasão de divisas, criação de empresas de fachada e fantasmas. Além disso, a invasão do capital estrangeiro no futebol brasileiro, provocará um ataque direto ao futebol brasileiro e à forma como ele é praticado pelos jogadores, muito pior do que já é feito com os jogadores brasileiros na Europa. O caso do Figueirense é somente o primeiro e já é um bom exemplo do que estes “investidores” pretendem fazer com os times, jogadores e com os torcedores.