O ex-governador do Rio Grande do Sul e ex-ministro da Educação nos governos petistas, Tarso Genro, compareceu às redes sociais no final de semana passado, para exaltar e comemorar a publicação de uma internauta que registrou sua satisfação com a possibilidade da formação de uma chapa para concorrer às eleições presidenciais de 2022, composta por Fernando Haddad (PT) e Flávio Dino (PCdoB).
O tuíte compartilhado de @thatianap dizia: “Tá gente, foi legal Haddad e Ciro se cumprimentando, mas chapa dos sonhos é essa aqui” (Revista Forum, 31/08), fazendo referência à chapa Haddad-Dino. A publicação da internauta foi saudada por Tarso Genro como “grande chapa”.
Neste momento está aberto no Partido dos Trabalhadores o processo de eleições internas e o ex-governador vem manifestando, nas redes sociais e em outros ambientes não só a sua simpatia, como o seu posicionamento aberto em defesa do nome do ex-presidenciável e ex-prefeito Haddad, como potencial candidato do PT para a disputa das eleições de 2022.
Tarso Genro, junto com outros dirigentes petistas, como o presidente do PT carioca Washington Quaquá são, neste momento, os maiores entusiastas da candidatura de Haddad para encabeçar uma chapa de “esquerda” para o pleito de 2022. Isso decorridos única e tão somente oito meses do governo fraudulento de Jair Bolsonaro, que vem promovendo a maior obra de destruição do país, sem paralelo na história recente do Brasil. Governo este a quem Fernando Haddad desejou “boa sorte”, o que equivaleria que Bolsonaro tivesse êxito na imposição de seu programa reacionário de ataque aos trabalhadores e à população explorada; em sua ofensiva contra os ativos econômicos nacionais e a soberania do país; que ele fosse bem sucedido nas privatizações e na entrega do patrimônio público ao imperialismo e ao grande capital; na perseguição à esquerda, aos sindicatos, aos movimentos sociais, ao povo pobre, aos negros, às mulheres e à população indígena do país.
Esta postura do ex-governador Genro é abertamente reacionária, expressando o que há de mais direitista neste momento da conjuntura. Não deve ser esquecido que o governador maranhense Flávio Dino foi eleito em uma aliança com o PSDB, que ocupa a vice-governadoria do Estado. O partido de Flávio Dino, o PCdoB, hipotecou apoio à eleição e reeleição do deputado Rodrigo Maia, do DEM, para presidente da Câmara Federal, um cargo que confere enormes poderes a quem o detém, controlando a pauta das votações e os projetos que tramitam na Câmara dos Deputados. Recentemente, o PCdoB, através da deputada Perpétua Almeida (PCdoB-AC) votou, na Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional, a favor de um “acordo” para que a base militar de Alcântara – que fica no Maranhão – passe a ser explorada (leia-se, controlada) pelos Estados Unidos. O governador Flávio Dino foi favorável a este “acordo” de lesa-pátria, que ataca frontalmente a soberania nacional e os interesses estratégicos de desenvolvimento da tecnologia militar e de defesa do país.
Os festejos de Tarso Genro à hipótese de uma chapa formada por Haddad-Dino para concorrer às longínquas e incertas eleições de 2022 é, neste sentido, um ataque à luta e às mobilizações que o próprio PT vem desenvolvendo em defesa da liberdade do ex-presidente Lula, preso há mais de 500 dias nas masmorras da Polícia Federal, em Curitiba. Não se vê, em nenhum ambiente, qualquer manifestação do ex-governador em defesa da liberdade de Lula, assim como não há nenhum envolvimento de Tarso nas campanhas para que o ex-presidente seja libertado. Todo o horizonte e toda a perspectiva política do ex-ministro petista está centrada nas eleições de 2022, que não há qualquer garantia que serão mesmo realizadas.
Neste momento, o repúdio generalizado da população ao governo ilegítimo de Jair Bolsonaro está indicando claramente que as massas populares e o País não querem a continuidade do governo dos banqueiros, da extrema direita, dos militares e do imperialismo. O conjunto da população não está disposta a aguardar a chegada das eleições de 2022 para ter as suas reivindicações atendidas e os seus direitos assegurados.
Em todas as ocasiões em que há a oportunidade de se manifestar, o grito que se ouve nas ruas é um só: FORA BOLSONARO; por novas eleições gerais, pela liberdade do ex-presidente Lula, assegurados os seus direitos plenos de poder concorrer ao pleito presidencial.