Uma série de acontecimentos envolvendo o PSL (Partido Social Liberal), legenda que serviu de “barriga de aluguel” para o grupo de Bolsonaro e demais setores da direita se apresentarem nas eleições fraudulentas de 2018 e tomarem de assalto o governo, evidenciaram o agravamento da crise não só do atual governo, mas de todo o regime político.
O PSL e seu candidato presidencial chegaram ao governo e elegeram a maior bancada de deputados dos partidos da direita (52), ficando atras apenas do PT (56), diante da crise terminal de todos os principais partidos e políticos da burguesia e graças à criminosa operação lava jato, que impediu que a principal liderança popular do País e candidato apoiado pela maioria da população, pudesse participar do pleito.
O fracasso total do Governo Bolsonaro no sentido de manter a relativa e forçada unidade da burguesia nas eleições contra a a vitória do candidato da esquerda, diante do retrocesso econômico que a política pró-imperialista do governo vem intensificando e diante da crescente revolta popular diante dos ataques do governo (reforma trabalhista, aumento do desemprego, roubo das aposentadorias, rebaixamento dos salários, ameaças de privatizações etc.), vem impulsionando um maior atrito não apenas entre as diferentes alas da burguesia – como o “centrão” que domina o Congresso Nacional, mas também entre as próprias fileiras do que poderia ser considerado o “bolsonarismo”.
Os episódios dessa semana, evidenciaram uma fratura, que praticamente fraturou em dois grandes blocos o que seria o “partido do presidente”, sendo que o suposto “todo poderoso” capitão golpista ficou com a menor parte, a ponto de ser derrotado na tentativa de destituir o líder do PSL na Câmara dos Deputados e fazer campanha pela indicação do seu próprio filho, deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), antes também apontado como possível indicado para a Embaixada do Brasil nos EUA. Isso, apesar do próprio presidente ter buscado subornar parlamentares com cargos e vantagens, conforme vazamentos feitos por “aliados” de Bolsonaro.
A situação deixa ainda mais expostas aos fraturas do governo que a direita teve de improvisar e sua decomposição que leva muitos setores da própria burguesia (cada vez mais) a se debruçarem sobre como preparar uma alternativa diante da falência do governo, que garanta os ataques sobre a maioria da população e o afastamento dos trabalhadores e de suas organizações do poder político, para a entregar toda a economia nacional para o imperialismo e fazer retroceder – como nunca – as condições de vida e de trabalho da maioria da população.
Abre-se uma enorme oportunidade para que a esquerda e as organizações dos trabalhadores avancem na luta contra o governo e o regime golpista, por meio das reivindicações centrais de Fora Bolsonaro e todos os golpistas, pela anulação das eleições fraudulentas de 2018, convocação de novas eleições, com Lula livre já! e Lula candidato. para tanto, é preciso superar a política de conciliação da esquerda burguesa e pequeno burguesa, que se negam a mobilizar os trabalhadores e defendem esperar por 2022 e que os trabalhadores, suportem e “resistam” apenas ao massacre a direita está impondo, mesmo diante da situação de sua clara decomposição.
Veja abaixo os principais acontecimentos da crise Bolsonaro x PSL
Bolsonaristas usam PF contra PSL e Bivar
No dia 4 de outubro, o MPF, denunciou o ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, e outras 10 pessoas por envolvimento em um esquema por uso de candidaturas laranjas na última eleição. O deputado Luciano Bivar (PSL-PE), presidente do PSL, foi um dos alvos da Polícia Federal, acusado de usar candidatas mulheres para desviar dinheiro do fundo especial de campanha, mas nega as acusações.
Bolsonaro manda ”esquecer o PSL”
Quando cumprimentava um apoiador na saída do Palácio da Alvorada, no dia 8/10, Bolsonaro pediu a um “correligionário” que disse ser pré-candidato do PSL em Recife (PE), para esquecer o partido. O pré-candidato, disse que ele, Bolsonaro e Luciano Bivar estão “juntos por um novo Recife”; que o presidente ilegítimo retrucou, se referindo a Bivar, “o cara tá queimado para caramba lá”.
Bolsonaristas estudam possibilidade jurídicas para sair do PSL
Deputados ligados ao presidente e o próprio presidente, assinaram um requerimento para pedir à direção do PSL que apresente a prestação de contas do partido nas eleições de 2018 e outras informações sobre as finanças da legenda, anunciando publicamente que visavam abrir caminho para usar possíveis irregularidades para pedir ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) a desfiliação por justa causa, sem que corram o risco de perder o mandato. Bolsonaro também divulgou que estabeleceu negociações com cinco legendas a fim de analisar possíveis transferências de seu grupo. Surgiram rumores sobre a expulsão dos bolsonaristas do PSL.
Nova operação da PF, comandada por Moro, contra Bivar
Na terça-feira (15/10), mais uma vez Bivar foi alvo de mandado de busca e apreensão por parte da Polícia Federal, como parte da operação Guinhol que investiga o esquema de candidaturas laranjas que, sendo comprovado, poderia servir de pretexto legal para saída dos bolsonaristas do PSL.
Tentativa de golpe no PSL, na Câmara
Líder no congresso é derrubada e Bolsonaros destituídos
No dia 17/10, Bolsonaro destituiu a deputada Joice Hasselmann da liderança do governo do Congresso, após a deputada
ter votado contra Eduardo para ser o novo líder do partido, para substituí-la foi indicado o senador Eduardo Gomes (MDB-TO). O grupo do presidente do PSL, por sua vez, retirou do comando do PSL, de SP e RJ, os filhos do presidente Flávio e Eduardo Bolsonaro.