Em atitude contrária à carta olímpica, onde as punições por dopping são individualizadas diretamente aos atletas, técnicos e dirigentes envolvidos em casos dessa natureza, a Agência Internacional Anti Dopping (WADA) decidiu pela punição da Rússia como um todo, sem distinguir pessoas envolvidos ou não em casos dessa natureza.
De maneira geral a punição aplicada afirma que a Rússia será impedida de participar das Olimpíadas de Tóquio e do Qatar e da Copa do Mundo de 2022. Embora argumente-se que atletas russos poderão participar, todos o farão diante de constrangimentos como ter que provar estarem “limpos” de substâncias proibidas, o que geralmente se realiza no decorrer das competições, ou seja, já chegarão com o estigma de trapaceiros. Não bastasse isso, até mesmo a bandeira russa não poderá ser exibida nas competições, sendo utilizada uma “bandeira neutra”.
Diante de tal absurdo o presidente russo, Vladimir Putin, declarou que tal punição se dá por motivos meramente políticos. E de fato, quando ataca-se russos de modo indiscriminado e seus símbolos mais básicos como sua bandeira, evidencia-se que o problema não é esportivo. Qual problema seria então? Vamos nos recordar que a Rússia, mesmo com suas limitações, é o principal obstáculo para o avanço do imperialismo no leste europeu e no oriente médio.
Ao contrário do entendimento pequeno burguês, que enxerga competições esportivas como um modo de amansar as massas, na verdade são eventos de lazer e cultura dos povos, especialmente dos trabalhadores. Embora haja interesses capitalistas bilionários, no fundo as disputas esportivas independem dessa classe, e na verdade os capitalistas até são limitadores de tais eventos. Ou seja, há muitos interesses envolvidos quando há paixões e capital em campo, logo é impossível enxergar a política como algo distante do esporte.
As disputas esportivas devem ser vencidas tão somente nos estádios, ginásios, etc. Transgressões esportivas como o dopping não deve dar base para a presunção de culpa como a WADA fez e aparentemente pretende fazer de modo seletivo futuramente. Isso é perseguição.