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De mãos dadas com os golpistas

PCdoB quer que Bolsonaro “lidere o país”

Na ilusão de que o regime "democrático" seja restabelecido, o PCdoB e outros setores da esquerda se aliam aos golpistas para sustentar o governo Bolsonaro até 2022.

“Eu acredito que é um erro o Planalto agir para manter a polarização política na sociedade. O Brasil vive uma crise econômica muito grave, desemprego com números alarmantes. O papel do governo é liderar o País para sair dessa crise, e não reforçar essa polarização, seja atacando a oposição, seja atacando a imprensa livre, que tem obrigação de publicar tudo aquilo que é notícia”, declarou o deputado federal Orlando Silva em entrevista ao sítio oficial do PCdoB, Portal Vermelho, publicada em 05 de novembro.

O trecho reproduzido acima é a resposta de Orlando Silva à pergunta sobre o “acirramento dos ânimos no País”. Foi colocado na íntegra, porque em poucas frases o deputado pelo PCdoB sintetiza a política de colaboração do seu partido com o golpe de Estado e com o presidente ilegítimo e fascista saído da eleições fraudadas de 2018.

“O papel do governo é liderar o País para sair dessa crise”. Com assim liderar o País? Liderar a esquerda, a militância que luta contra o golpe, o povo que está sendo esmagado por esse bando de fascistas? A população brasileira tem de se curvar ao governo do golpe?

Além de querer que Bolsonaro governe, ou seja, imponha a política neoliberal de destruição nacional, a declaração de Orlando Silva expressa a política do “fica Bolsonaro”. Bolsonaro até 2022. É um atestado em defesa da política da “frente ampla” de virar definitivamente a “página do golpe”. Estabelecer uma “oposição proativa”e institucional ao governo ilegítimo.

Orlando deixou às claras, ainda, porque a quase totalidade da esquerda não defende o “Fora Bolsonaro”. A preocupação do “nobre” deputado é com acabar com a “polarização” política no País ou como afirmou em outro momento da entrevista em defesa da “democracia”, como se o Brasil não vivesse sob uma ditadura que impôs a derrubada da presidenta Dilma Rousseff, legitimamente eleita; mantenha encarcerado por quase 600 dias o principal líder popular do País e a expressão maior da luta contra o golpe, ex-presidente Lula, entre outras diversas manifestações de absoluta envolvimento das instituições com o aprofundamento dos as ataques às mínimas garantias democráticas estabelecidas no período pós derrubada da ditadura de 64.

Não é de hoje que o PCdoB representa dentro da esquerda o elo de ligação com a direita brasileira, o chamado Centrão e por consequência com o regime golpista e com a extrema-direita bolsonarista. Os exemplos são fartos. O PCdoB é apoiador de primeira hora do atual presidente da Câmara Federal, Rodrigo Maia. Aliás, foi o próprio Maia o articulador da convocação do ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional, general Augusto Heleno, para que se “explique” na Câmara Federal sobre sua posição em defesa de um novo AI5, sendo que Orlando Silva não foi mais do que “o menino de recado” do Centrão, numa disputa entre as diversas frações golpistas.

A esquerda empenhada em “virar a página do golpe”, que tem o PCdoB e a ala direita do PT como principais expoentes, tem a ilusão que está abrindo um caminho para uma saída “democrática” para o golpe de 2016, via as mesmas instituições que impuseram o golpe de 2016. No afã de querer fazer a roda da história girar ao contrário, essa esquerda devaneia em torno de uma volta ao passado, sem “polarização”, com o parlamento como árbitro das disputas. No seu triste papel esconde de si o fato de que não passa de uma correia de transmissão da direita. Está com o seu vagão atrelado ao Centrão, que por sua vez está atrelado ao vagão da extrema-direita, todos guiados pela locomotiva do imperialismo.

Na busca por encontrar um meio termo com a extrema-direita, com o bolsonarismo, uma boa relação de convivência, o deputado do PCdoB clama para que o Planalto acabe com a “polarização na sociedade”. Sem dúvida, trata-se de uma incompreensão absoluta sobre o fenômeno da polarização política. Em primeiro lugar, o aumento constante da polarização entre as classes sociais, entre direita e esquerda, é produto do golpe de Estado. A política extrema da direita, do imperialismo, em levar a cabo a  derrubada da presidenta Dilma, a perseguição e prisão de Lula, uma série de ataques às condições de vida das massas e ao mínimo estado democrático de direito existente impulsionou, naturalmente, o deslocamento de amplas parcelas dos movimentos populares, dos partidos de esquerda, da juventude, sindical para o polo oposto ao da direita.

Uma segunda questão que se depreende dessa condição mais geral é que a chegada ao governo da extrema-direita agudizou essa situação. A política do PCdoB e o seu clamor para que Bolsonaro “se contenha”, ou melhor a política de colocar “Bolsonaro nos eixos”, é o chamado não apenas do PCdoB e de outros setores da esquerda, mas do próprio Centrão. Em outros palavras é uma política que defende que Bolosnaro “se contenha”, controle o seu destempero, os seus discursos extremados em defesa do golpe, etc. A questão é que o que determina o avanço da polarização não é, pelo menos no fundamental, a verborragia de Bolsonaro, mas a sua política prática de esmagamento dos explorados e da própria liquidação do País em favor do imperialismo. No estágio da luta de classes em que se encontra o País, o fim da polarização só é possível com a derrota de um dos polos. O polo da extrema-direita é o fascismo, portanto, caso Bolsonaro ou um outro governo do golpe bolsonarista, mas sem Bolsonaro seja vencedor, significará o aniquilamento das amplas massas e a destruição do País.

Finalmente, a política defendida e aplicada pelo PCdoB é, na realidade, uma política de sustentação do regime político golpista. O apoio a Rodrigo Maia, a defesa do governador do Maranhão pelo PCdoB, Flávio Dino que, juntamente com os governadores do PT, defendem a Reforma da Previdência, a entrega da Base de Alcântara para o imperialismo norte-americano, a busca por uma aliança com o próprio Centrão, Fernando Henrique Cardoso, Ciro Gomes, entre outros golpistas declarados, a recusa em defender o fora Bolsonaro e a defesa do Lula Livre apenas em discurso, são a expressão de uma política de absoluta adaptação e sustentação do regime golpista.

Um último aspecto que não poderia deixar de ser mencionado é a ardorosa defesa que o deputado Orlando Silva faz da imprensa venal golpista brasileira, com sendo uma expressão da democracia. Não apenas a Globo, Folha de S. Paulo, Estadão, Veja, entre centenas de outros meios de comunicação foram fundamentais na campanha para viabilizar o golpe de Estado de 2016, como permanecem como instrumentos do golpe que levou Bolsonaro ao governo patrocinando abertamente a maior fraude eleitoral da história desse País.

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