Há dez dias, a museóloga Célia Corsino foi exonerada de seu cargo no Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), local onde era gestora há 40 anos e há três era superintendente. Agora, o comando do Iphan estará nas mãos de mais um golpista: Jeyson Cabral Tavares (PSL) assume o Instituto, porém sem nenhuma experiência na área, tendo sido seu último trabalho o de cinegrafista na Câmara Nacional de Juiz de Fora. Por meio de um ofício, os prefeitos de Congonhas, Diamantina e Ouro Preto, todas de Minas Gerais, se manifestaram contra essa substituição.
A incerteza do futuro da questão patrimonial em Mina é grande, afinal, Jeyson é representante das políticas do PSL e de Jair Bolsonaro, que são conhecidas principalmente por atacarem a cultura do País, censurar obras, filmes, exposições, cortar verbas etc. Jeyson foi indicado pelo deputado federal Charlles Evangelista, também do PSL, deixando implícito que o partido bolsonarista planeja dominar aos poucos os cargos públicos, a fim de manipulá-los da forma mais conveniente para eles e dificultar que a população tenha acesso à cultura ou para quem reclamar da falta dela.
Contudo, no último dia 1º, o Iphan divulgou um manifesto afirmando que essa escolha não obedece aos critérios técnicos. Angela Gutierrez, empresária e pesquisadora, afirma que essa mudança foi meramente política: “Ele pode ser sério, responsável, amigo do deputado, o que for, mas não tem experiência”. O prefeito de Congonhas, José de Freitas Cordeiro (PSDB), também concorda com a empresária: “Para cargos técnicos devem ser escolhidas pessoas com conhecimento”. Esse tipo de indicação precisa, na verdade, ser feita pelo ministro da Cidadania, atualmente Osmar Terra (MDB), mas sendo ministro do governo Bolsoanaro, dificilmente ele falará contra alguma decisão bolsonarista.
A realidade é que esse nome do PSL foi escolhido a dedo para facilitar a implementação de um projeto do presidente golpista Jair Bolsonaro para 2020 no Iphan. Caso o plano de gestão de Bolsonaro seja aprovado no Congresso, o Instituto sofrerá uma redução de 70% nos recursos para preservação de patrimônio e memória. Ao que tudo indica, o projeto prevê que no próximo ano o Iphan receba apenas R$ 304 milhões, quase metade dos R$ 516 milhões recebido em 2018.
Esse ataque aos espaços culturais vem sendo cada vez mais frequente no governo dos conservadores. O programa político da direita golpista consiste em um vandalismo institucionalizado contra a cultura. Além dos ataques aos trabalhadores, aos direitos, aos salários e às organizações operárias, a direita ataca a cultura porque não pode conviver com a cultura, com arte, com qualquer coisa que estimule a população a pensar para além do óbvio, que empurre as pessoas para fora da bolha alienante da TV aberta. É preciso calar toda a sociedade para impor a política da direita, e a cultura pode se tornar um obstáculo. Se a população quiser que a cultura sobreviva e seja impulsionada no Brasil, é preciso lutar contra os conservadores e direitistas no poder.