Nesta semana o assunto sobre o Decreto 9.785 do presidente golpista e ilegítimo, Jair Bolsonaro, facilitando o porte de armas para determinados setores da sociedade, causou grandes discussões e está assustando a direita golpista e a esquerda pequeno-burguesa.
A situação no campo sempre foi violenta e tem um histórico de mortes e chacinas, formação de milícias pelos latifundiários e participação de policiais. Hoje vivemos em um período de agravamento da violência e ofensiva dos latifundiários bolsonaristas contra os trabalhadores sem-terra, indígenas e quilombolas para acabar com a luta pela terra.
Esse cenário de ofensiva dos latifundiários se deu com a vitória fraudulenta de Bolsonaro nas eleições e a perseguição desse novo governo de extrema-direita aos trabalhadores sem-terra. Há uma militarização dos órgãos como Incra, Funai, Ibama e ICMBio e projetos de lei para classificar ocupações de terra e o MST como terrorismo. O governo está tomado de latifundiários e integrantes da União Democrática Ruralista (UDR), organização criada para combater o MST através da formação de milícias de pistoleiros.
Com esse sinal positivo e apoio do governo federal e o clima estimulado pela imprensa golpista contra a luta pela terra, os latifundiários estão atuando de maneira aberta e formando verdadeiros esquadrões da morte no campo. Os números de violência no campo só vêm aumentando de 2017 para 2019 e estão crescendo nesse início de governo Bolsonaro, mesmo com um recuo do MST e outros movimentos de luta pela terra.
Mesmo sem novas ocupações e palavras de ordem de não-violência, os latifundiários bolsonaristas não recuaram, pelo contrário, estão cada vez mais violentos. Os latifundiários estão formando suas milícias rurais para atacar os acampamentos, assentamentos e aldeias de maneira aberta e com a participação de policiais civis e militares. Nem é preciso afirmar que o judiciário golpista está cada vez mais arbitrário em relação às ocupações de terra.
Os latifundiários atuam da maneira que querem e invadem acampamentos porque sabem que não há armas para os trabalhadores sem-terra se defenderem e os massacres são o maior exemplo dessa afirmação.
Há uma concentração de forças do aparato repressivo do Estado e dos pistoleiros contratados pelo latifúndio para reprimir o movimento de luta pela terra.
Somente a reivindicação do direito de se armar e de se defender já seria um direito fundamental. Nesse cenário de aumento da violência e pistolagem o direito de se armar e se defender é a única alternativa, e os trabalhadores sem-terra, indígenas, quilombolas e suas organizações devem lutar e exigir o direito de se armar.
O armamento dos trabalhadores do campo não é uma questão de guerra contra os latifundiários e sim uma questão de defender-se diante desse cenário de extrema violência. É uma questão democrática de autodefesa e defesa da vida diante dos ataques dos latifundiários bolsonaristas e uma ameaça à política imposta por estes setores.
O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST), outros movimentos de luta pela terra e indígenas devem se armar diante de um cenário de agravamento dos conflitos no campo.
As instituições do Estado e a polícia estão dominadas por bolsonaristas. Por isso, o MST deve se utilizar das brechas na lei e exigir o armamento dos trabalhadores do campo. Essa é a única maneira de garantir a defesa de suas lideranças e famílias que estão na luta por terra para trabalhar.