Os últimos fatos que ocorreram na instância maior do judiciário (golpista) nacional, o Supremo Tribunal Federal, vem despertando, mais uma vez, na opinião política de determinados setores da esquerda nacional, todo um volume de ilusões, particularmente quanto a possibilidade do STF se posicionar pela suspeição do ex-juiz Sérgio Moro, atual ministro da Justiça do fraudulento governo Bolsonaro, que foi o responsável pela condenação do ex-presidente Lula, encarcerando a maior liderança operária e popular do país, fazendo de Lula o preso político mais importante e também o mais perseguido e caluniado da história do Brasil e um dos maiores do mundo.
Sérgio Moro, ainda quando juiz, conduziu de forma totalmente inconstitucional, arbitrária e inquisitorial os processos (todos fraudulentos e forjados sob a tortura e a pressão psicológica das delações premiadas) que acabaram por condenar Lula à masmorra da Polícia Federal, em Curitiba, onde se encontra detido desde o dia 07 de abril de 2018, numa operação que o país inteiro agora já sabe que tudo não passou de uma grotesca e vil armação político-jurídica, com o propósito de alijar o ex-presidente das últimas eleições presidenciais.
Os que acenam neste momento com a atenuação da pena (regime semiaberto e possibilidade de anulação dos processos da Lava-Jato) arbitrária e ilegal que foi imposta ao ex-presidente, o fazem por temor ao crescimento das mobilizações que se agigantam em todo o país em defesa da liberdade de Lula e pela anulação de todos os processos que foram e estão ainda sendo movidos contra o ex-presidente. A tentativa que vem sendo feita neste momento por um setor do judiciário é, na verdade, um meio para poder livrar a própria cara, diante não só das flagrantes e escandalosas ilegalidades cometidas ao longo destes cinco anos que marcam o início da conspiração golpista contra o governo eleito em 2014, mas principalmente em função do aprofundamento da crise de conjunto do regime burguês-golpista, que ameaça despedaçar toda a operação engendrada pela burguesia e o imperialismo, que culminou com a eleição do natimorto e impopular governo Bolsonaro.
Não é minimamente aceitável que depois de todos os acontecimentos que marcaram a atuação do judiciário brasileiro (STF, MPF, STJ, TRF’s), que sancionou todas as maiores vilanias e arbitrariedades contra o ordenamento jurídico nacional e a constituição, apoiando e convalidando o golpe de Estado de 2016, ainda haja setores, particularmente no interior da própria esquerda, que sigam confiando nas instituições jurídicas do país, acreditando que esta poderá ter uma postura de defesa da legalidade constitucional. As gritantes violações dos dispositivos mais comezinhos do ordenamento jurídico do país e a postura cínica dos ministros do STF indicam que a instituição está comprometida não com a legalidade, não com a defesa dos direitos e das garantias individuais da cidadania, mas única e tão somente com os múltiplos interesses aos quais estão vinculados, que não são outros senão aqueles dos diversos grupos de pressão que atuam para fazer valer seus interesses e que cada um dos onze ministros, de uma forma ou de outra, ali representam.
Queremos deixar mais uma vez aqui registrado que a luta pela liberdade plena do ex-presidente Lula não passa pela pressão junto às instituições golpistas do regime, particularmente o execrável judiciário nacional, que atuou para legitimar a deposição do governo eleito em 2014, sendo responsável também pela ascensão dos golpistas e pela eleição (fraudulenta) do governo neofascista de extrema direita no país. Lula não alcançará a liberdade plena e menos ainda os processos que são movidos contra ele serão anula,dos por algum expediente jurídico vindo dos tribunais ou qualquer outra instância do judiciário.
Somente o fortalecimento e a ampliação da luta popular, das manifestações, dos atos e das ocupações de ruas e praças do país poderá oferecer uma perspectiva progressista para um desfecho favorável da luta em torno à liberdade do ex-presidente. As ilusões que vem sendo alimentadas nas instituições somente podem cumprir o papel de semear a confusão, o desânimo e a desmobilização nas camadas da população que querem lutar, que desejam o fim do governo Bolsonaro e a derrota do regime de opressão e miséria social no país.