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Nabhan Garcia: secretário da Agricultura de Bolsonaro é organizador de milícias para reprimir os sem-terra

O caráter fascista do governo Jair Bolsonaro fica evidente quando se analisa a ligação direta do atual governo, de extrema-direita, com elementos  vinculados às milícias paramilitares das forças de repressão, tanto no campo como na cidade. Um exemplo disso foi a nomeação recente de Carlos Manato (PSL-ES) para um cargo na Casa Civil. Manato tem em seu histórico político o vínculo com um dos principais esquadrões da morte da história brasileira, a Scuderie Le Cocq. Um verdadeira milícia formada por policiais militares,  a qual tem em suas costas a morte de mais de 1.500 pessoas somente no Espírito Santo.

O próprio vínculo direto de Jair Bolsonaro e seus filhos com as milícias cariocas, como já revelaram várias denúncias, é uma outra demonstração deste fato. Quando se analisa outros postos do governo, tal padrão se repete. No que se refere à questão agrária, para a Secretária Nacional dos Assuntos Fundiários, o governo Bolsonaro nomeou, por exemplo, o ruralista Luiz Antônio Nabhan Garcia.

Nabhan é, nada mais nada menos, presidente nacional da União Democrática Ruralista, a UDR, uma organização fascista e paramilitar formada por latifundiários e seus jagunços com um único objetivo: assassinar todos aqueles que lutam pela terra. Logo que assumiu a pasta, Nabhan já tratou de taxar o Movimento Sem-Terra, por exemplo, de organização criminosa. Disse que em sua administração não negociará com os sem-terra e que, inclusive, irá rever os assentamentos rurais conquistados pelo MST, nos quais vivem mais de 350 mil famílias. Nabhan ainda propôs acabar com todas as escolas rurais, as quais atendem mais de 200 mil jovens provenientes de famílias camponesas. Um verdadeiro programa fascista.

Ao se pesquisar a história de Nabhan verifica-se a sua forte ligação com a UDR, com uma série de assassinatos e violências praticadas no campo ao longo dos últimos anos. O ruralista ajudou a organizar a milícia fascista latifundiária no Pontal do Paranapanema, região no interior de São Paulo historicamente marcada pelos altos índices de violência e morte de sem-terra.

Em 2003, por exemplo, uma reportagem publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo ficou famosa ao mostrar um grupo de fazendeiros fortemente armados e encapuzados, os quais se declaravam em guerra contra qualquer tentativa de reforma agrária. Na época, o primeiro ano de governo Lula do PT pairava como uma ameaça a dominação criminosa dos latifundiários.

Depoimentos de militantes e ativistas do Movimento Sem-Terra dão conta de exemplificar o alto nível de violência praticado pelo grupo. No pontal, a UDR organizada por Nabhan praticava a desapropriação de terras que até mesmo já estavam destinadas à reforma agrária pelo governo federal. O grupo de ruralistas recrutava pistoleiros e jagunços de diversas regiões do país para praticar as ações de terror contra os sem-terras.

Devido a extrema violência na região uma Comissão de Inquérito foi aberta no Senado foi aberta para investigar a atuação do grupo. Concluída em 2005, a comissão não teve nenhum resultado prático, os fazendeiros continuaram impunes, contaram com a ajuda da chamada bancada ruralista no governo, a qual atuou para proteger sua corja. Este fato demonstra também a ineficácia de se apelar para as instituições do estado capitalista, no final das contas tais instituições já estão organizadas para defender os interesses das classes que estão no poder.

A UDR enquanto organização paramilitar tem sua origem em meados dos anos 1980. Diante da intensa mobilização popular que havia no país, com o fim da ditadura, os latifundiários se organizaram para evitar qualquer tentativa de reforma agrária, uma vez que a convocação de uma nova constituinte no final daquela década apontava nesse sentido. Naquele período, o fundador da UDR fora o atual governador do estado de Goiás, Ronaldo Caiado do (DEM-GO). Neste período de atuação, entre 1985 e 1989, foram atribuídas à UDR mais de 600 mortes no o campo, dentre elas a morte do líder seringueiro Chico Mendes

A Constituição de 1988 manteve os privilégios dos ruralistas. A UDR volta a ativa no final dos anos de 1990 quando há uma nova intensificação das lutas no campo. Tendo a frente figuras como Luiz Antônio Nabhan, os ruralistas voltam a se organizar, assumindo agora um caráter muito mais violento. Sob a direção de Nabhan e outros a UDR adota como linha política a violência aberta contra os sem-terras, o que é colocado em prática nos anos subsequentes.

Nabhan, assim como outros fascistas, chega agora ao governo após o golpe de estado de 2016 e as eleições fraudulentas do último ano. Temos, portanto, um governo que tende a evoluir cada vez mais para uma política abertamente fascista contra toda a população pobre.

É preciso responder a violência fascista na mesma moeda. O único diálogo possível com elementos como este é por meio da violência e da força da classe trabalhadora organizada em seus movimentos e organizações de luta. No caso do campo é preciso organizar os comitês de auto-defesa para responder à altura a qualquer tentativa de violência por parte dos latifundiários. Contra os ataques dos ruralistas aos acampamentos e assentamentos é necessário organizar a ocupação de todos os latifúndios e a expropriação de todos os ruralistas.

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