Interessado nas questões de Brumadinho, e na defesa contra os estragos provocados provocados pelo rompimento da barragem da Vale, o MST apresentará nesta sexta-feira, 5 de abril, ao Ministério Público, um laudo técnico comprovando os danos à milhares de famílias atingidas nas áreas do movimento na região metropolitana de Belo Horizonte, em especial à relação das famílias com o Rio Paraopeba e o território ribeirinho.
Esse laudo, que vai assinado por técnicos agrônomos com o respaldo da EMATER, traz um reforço à defesa dessas famílias na ação civil pública patrocinada pelo Ministério Público, e que reivindica direitos das famílias que perderam a fonte de água para a sua produção, além de terem sofrido impactos sociais, psicológicos, na saúde, entre outros.
O Movimento calcula que milhares de famílias tenham sido atingidas. Nos dois acampamentos em São Joaquim de Bicas, o Zequinha e o Pátria Livre, cerca de 600 famílias foram cadastradas para receber a indenização emergencial. Soma-se à estas famílias os moradores do Assentamento 2 de julho, localizado em Betim. Ao todo, são 22 áreas de acampamentos e assentamentos do MST atingidas pelas lamas da Vale, em Minas Gerais e no Espírito Santo.
Para acabar com a destruição que essas empresas provocam, muito necessárias são as organizações populares dos próprios trabalhadores, para que, muito além da luta judicializada, exista o embate popular, de grupos cada vez mais organizados e coesos, contra as privatizações e pela reestatizações de empresas que foram entregues aos capitalistas.
Atualmente são mais de 300 mortos, um rio morto, sem contar o crime em Mariana. A atividade desta sexta exige cadeia para os responsáveis por este crime, uma vez que MST segue organizado e mobilizado, exigindo os direitos dos trabalhadores em todas as manifestações públicas, ressaltando a disposição de fazer a luta direta contra a situação vergonhosa que tem acontecido em Minas Gerais.
Dezenas de casos de dengue foram registrados, enquanto crianças e adultos já começaram a ter reação alérgica por conta da poluição gerada pelo envenenamento do rio. De acordo com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) estes padrões são os mesmos de quando a barragem de fundão, em Mariana, se rompeu, e tem relação direta com o crime da Vale.
A Vale do Rio Doce foi privatizada há 20 anos pelo governo neoliberal de Fernando Henrique Cardoso (PSDB). O plano dos donos do golpe de Estado que levou primeiro Michel Temer e depois o fascista Jair Bolsonaro ao poder é justamente privatizar irrestritamente todas as estatais restantes, destruir os serviços públicos, desmontar a máquina administrativa e mesmo os instrumentos regulatórios do Poder Público.
As organizações dos trabalhadores devem unir-se não apenas pela reestatização da Vale, mas também pela deposição de Bolsonaro e todos os golpistas, que estão plantando hoje as sementes de catástrofes incalculáveis no futuro, em consequência de sua sanha privatista.