Desde a prisão ilegal do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em abril de 2018, o líder popular concedeu três entrevistas a jornalistas nacionais e internacionais. A última foi concedida a Gleen Greenwald, fundador e editor do The Intercept Brasil, em 15 de maio.
Na entrevista, Lula começa falando sobre suas condições na Superintendência da Polícia Federal em Curitiba (PR). Como já é sabido, o ex-presidente vive em uma solitária, recebendo visitas apenas de seus advogados e, uma vez por semana, de familiares. Afirma não sofrer tortura de ordem física, mas que, atualmente, os métodos são mais sofisticados, sendo o principal a Delação Premiada, na qual presos políticos são condenados a ficarem anos em detenção, até que aceitem depor. Não é um simples depoimento. São forçados a mentir, de modo a entregar outras lideranças, culpando-os por crimes não cometidos. Foi através desse mecanismo que o principal líder de massas da América Latina foi encarcerado.
Lula denuncia também o papel da imprensa golpista na Lava Jato. Afirma que a burguesia se utiliza desse aparato para perseguir lideranças populares de esquerda, bem como todos aqueles que não atendem à seus interesses, de modo a favorecer o avanço da extrema direita no país. Os golpistas se utilizam da mídia para confundir a classe trabalhadora acerca das infindáveis medidas impopulares que o atual governo tenta aprovar. Essas vão massacrar os direitos do povo, como já é possível perceber. Retrata também que essa operação é financiada pelo imperialismo norte-americano.
Gleen Greenwald fala que ele, bem como outros jornalistas tentaram, ao longo de 2018, realizar entrevistas com o ex-presidente, mas que elas foram negadas pelo Judiciário. Este tratamento é dado para presos de alta periculosidade, o que não é o caso de Lula. Este, em resposta, afirma que isso fazia parte de todo o processo de sua detenção e que o objetivo da mesma era excluí-lo do pleito ocorrido no ano passado. A única forma de impedir a vitória do maior líder de massas nas eleições era retirando ele da disputa, a qualquer custo.
Uma das principais afirmações do ex-presidente diz respeito ao pré-sal que, segundo ele, está diretamente vinculado ao golpe que culminou no impeachment de Dilma Rousseff e consecutivamente em sua prisão. O objetivo do imperialismo é a quebra da economia nacional, desmantelando importantes empresas de domínio estatal majoritário, como a Petrobrás, que foi repartida.
Quando questionado sobre o avanço da extrema-direita não apenas na política nacional, mas internacional, afirma que suas medidas vêm sendo desastrosas ao redor do mundo, a exemplo de Mauricio Macri na Argentina. No Brasil, a vitória de Jair Bolsonaro representa um massacre no que tange a crescimento econômico e direitos da classe trabalhadora, disse. Pelo contrário, são inúmeros os retrocessos nessas esferas, como pode ser visto na reforma da Previdência.
A entrevista de Lula reforça o que é um fato: sua prisão é ilegal e política. Ela é fruto de um golpe de estado, orquestrado pelo imperialismo norte-americano. O avanço da extrema-direita no país carrega consigo um retrocesso no Brasil, em todos os aspectos. O atual governo, de Jair Bolsonaro, é totalmente impopular, assim como as medidas que ele vem tentando implementar. Nesse sentido a organização da classe trabalhadora é fundamental, uma vez que é através de amplas mobilizações populares, que será possível derrotar os golpistas. Logo é mais do que necessário que todos componham os comitês de luta contra o golpe e de autodefesa.
