Chico Alencar, ex-deputado federal pelo PSOL (RJ), assim como vários dirigentes daquele partido, pautou sua intervenção durante os últimos quatro anos de golpe de Estado no Brasil, defendendo uma pretensa moralidade pública, baseada nas acusações, absolutamente falsificadas, da operação Lava-Jato, montada, como se vê, não com muito “esmero”, pelos órgãos, não tão inteligentes, do imperialismo norte-americano.
Em 2015, quando a Lava-Jato se tornou peça fundamental de perseguição a esquerda, particularmente ao Partido dos Trabalhadores, o então “nobre” deputado do Psol, em artigo para o jornal O Dia (11/03/2015), com o sugestivo título, “Nem 13 nem 15: 14 razões”, assim se referia sobre a política de “moralização” do País: “sob a convocação do movimento social há o claro intuito de reforçar o PT, neste momento crítico, muito em função dos seus próprios e graves desvios”. Trocando em miúdos, o PT não apenas era corrupto, como sequer tinha o direito de se defender. Por quê? As provas não deixavam dúvidas: “o reconhecimento de que o PT assumiu uma governabilidade neoliberal e fisiológica, canal aberto para a corrupção sistêmica”.
Quer dizer, a operação Lava-Jato, o Ministério Público, a Polícia Federal, todos estavam envolvidos em uma cruzada moralizadora do país.
O afã moralizador de Chico Alencar e do PSOL foi uma frente única com o imperialismo, com o grande capital nacional e com todas as instituições, no sentido de levar a cabo o golpe de Estado no Brasil.
A política direitista e de apoio ao golpe de Chico Alencar e seu partido evoluiu ao longo do desenvolvimento do golpe. A afinidade moralizadora entre o Psol e os golpistas chegou a tal ponto, que o parlamentar Alencar não teve pejo em beijar, literalmente, a mão de um dos principais articuladores do golpe, como foi o ex-presidente do partido linha de frente do golpe e candidato derrotado por Dilma nas eleições de 2014, Aécio Neves.
Finalmente, ainda em 2018, em meio as eleições mais fraudulentas da história do País, quando o golpe, via Lava-Jato, havia acabado de impor a exclusão de Lula do processo eleitoral, Alencar assim enaltecia, em entrevista ao jornal O Globo, 27/09/2018, o papel fundamental da operação de destruição do país: “A Lava-Jato desnudou de forma explícita o conluio público-privado ilícito na política brasileira, envolvendo diretamente pelo menos 14 partidos. Tem dois pesos e duas medidas em muitos casos, mas o combate à corrupção sistêmica tem que continuar doa a quem doer”, afirmava o então deputado.
Depois de tanto rame-rame, depois de tanto capachismo com tudo de mais podre produzido pelo imperialismo e pela corja de golpistas que assaltaram o País, um envergonhado Alencar publicou em sua página no facebook, candidamente, a seguinte mensagem: “ora, ora, parece que o combate à corrupção é seletivo. Aos amigos, tudo. Aos inimigos, a lei. Mais uma reportagem-bomba do The Intercept Brasil, desta vez sobre FHC”. Como se, agora, tivesse descoberto a total parcialidade de Sérgio Moro e de toda a operação criminosa da Lava Jato.
Para sorte ou infelicidade de Alencar, depende da ótica com que se veja o papelão cumprido, ele não está sozinho nesse papel vexaminoso, mas foi acompanhado pela quase totalidade da esquerda pequeno-burguesa.
No afã de eleitoral de tomar o lugar do PT, os Chico Alencar da vida se alinharam com o que existe de mais podre em todo o meio político e agora estão aí a chorar como cachorros caídos de caminhão de mudança.
Nada melhor do que um dia após o outro.