É interessante que a esquerda pequeno burguesa em geral tanto no Brasil quanto no mundo procure constantemente “novidades” e “novas” formas de fazer política, e a qualquer custo busque “diferenciar-se”. Entretanto, na crise política brasileira, os agrupamentos morenistas ou ex-morenistas dentro do PSTU ou no PSOL mantém em geral o mesmo padrão político nos acontecimentos, mudando tão somente a ênfase.
Assim, tanto o PSTU quanto os grupos que – hoje – habitam o PSOL como o MEs (da ex-deputada Luciana Genro) e a CST (do vereador do Rio, Bába) apoiaram a queda do governo Dilma e comemoraram as arbitrariedades da Operação Lava Jato, em especial a prisão do ex-presidente Lula.
O desenvolvimento da crise política, com o aumento da polarização política e com desmascaramento da Operação Lava Jato, após a divulgação pelo The Intercep das mensagens trocadas entre o ex-juiz Sergio Moro e o procurador chefe da Força Tarefa da Lava Jato, Dallagnol levou aos defensores ardentes da “ campanha contra a corrupção” e da Lava Jato a escamotear as posições anteriores.
Neste sentido, a CST/ PSOL que assim como PSTU e Luciana Genro, fez campanha aberta em favor da farsa jurídica montada pela burguesia para prender Lula, agora diante do desmascaramento da Lava Jato, repete o mesmo truque dos colegas morenistas, ou seja, declara que já sabia de tudo e que sempre “condenou” a Lava Jato.
Note que, o padrão é mesmo, a CST não faz nenhum balanço sobre a sua adesão à farsa montada pela burguesia para incriminar sem prova e depois prender Lula, com nítido objetivo de impedir a sua candidatura presidencial nas eleições de 2018. Agora, uma vez desmoralizada a Lava Jato, perdendo sua “áurea” de defesa da “justiça” contra os “corruptos”, afirma que “sempre condenamos a seletividade da Lava Jato, do STJ e do STF”.
No entanto, como no caso do PSTU e Luciana Genro, quando garimpamos as declarações pretéritas da CST encontramos em abundância não “que sempre condenamos a Lava Jato”, mas exatamente o inverso, ou seja a CST de maneira constante, invariável e enfática condenava antecipadamente Lula e o PT, participando alegremente da campanha burguesa “contra a corrupção” e de ataques ao PT e ao governo Dilma.
Como diz o ditado, “recordar é viver”, então vamos resgatar o que a CST realmente disse sobre a Lava Jato. É importante salientar, que a seita morenista abrigada no PSOL seguiu o padrão morenista de apoiar o golpe de Estado, fazendo frente única com os golpistas em praticamente em todas as questões essências (queda da Dilma, prisão de Lula etc.).
Ainda antes do processo farsa do impeachment, a CSP cobra do judiciário golpista um “ maior rigor” e a necessidade de uma “ investigação” contra Dilma e Lula. Assim como os procuradores da República de Curitiba, não era preciso provas, evidencias , nada disso , uma vez sobrava “ convicções” entre morenistas bem como entre os procuradores da Lava Jato dos “ crimes” e da “ corrupção” de Dilma, Lula e do PT.
“Chega a ser absurdo que Dilma, após exercer o cargo de Ministra de Minas e Energia e de Presidente da Republica, continue sem ser investigada. O mesmo podemos falar de Lula, pois seus principais colaboradores estão condenados e presos. E mais absurdo é que as velhas direções burocráticas da CUT, UNE, UBES, MST sigam defendendo esse governo de um suposto golpe.” Texto FORA TODOS! PRISÃO E CONFISCO DOS BENS DOS CORRUPTOS! 27/11/2015
Um outro aspecto relevante nas declarações da CST é a adesão moralista no estilo coxinha/udenista em relação à defesa abstrata da “luta contra a corrupção”. Não existe mais luta de classes, luta pelo programa e pelas reivindicações, o importante para CST é “uma mobilização que exija prisão e confisco dos bens de todos os corruptos, que casse o mandato e torne inelegíveis os políticos envolvidos, que investigue pra valer Dilma e Lula, pondo fim a impunidade, e que não deixe livres os tucanos corruptos. “
De um modo geral, a CST faz uma espécie de tradução da política burguesa demagógica de “combate a corrupção” como um “valor” supra-humano para uma linguagem “classista”, ao gosto da pequeno burguesia “ combativa”.
Nesse processo, até mesmo aspectos fundamentais do Estado de Direito Democrático, que a burguesia brasileira para dar o golpe atacou, a CSP também abandona como presunção de inocência e o direito à ampla defesa. No trecho citado “O mesmo podemos falar de Lula, pois seus principais colaboradores estão condenados e presos.” fica patente a adesão da CSP a noção tipicamente nazista de Estado de Exceção de presunção da culpa e da noção escabrosa do “ domínio do fato” usada na Ação Penal do Mensalão. Dessa forma, por essa lógica absurda, como os colaboradores de Lula estão condenados e presos, logo Lula também devia saber e portanto também é culpado, bem e a exigência de provas para condenação? Bem isso foi abolido pelo judiciário golpista e pelos seus parceiros morenistas da CSP.
Nesse caso, agindo como verdadeiro advogado do diabo da operação Lava Jato, os que hoje afirmam que “sempre condenaram a Lava Jato”, afirmavam em 2018, no artigo Sobre os Processos da Lava Jato, que não houve nada contra as regras do jogo, e que Lula não sofria perseguição, e que não havia esse negócio de “ Estado de Exceção”, uma vez que os tramites legais da democracia burguesa estava sendo “obedecidos”.
Lembremos mais uma vez que a CST apoiou o golpe de Estado em 2016, utilizando como “justificativa”, a campanha “contra a corrupção” da burguesia. Os governantes deveriam perder seu mandato.
Além do mais, a CST apontava que “A esquerda não pode defender Lula! Entendemos que é preciso uma posição que supera a polarização entre os “defensores de Lula” e os “defensores de Moro”.
Essa terceira via entre os “defensores de Lula” e os “defensores de Moro” nunca poderia efetivamente existir, e que era importante era que as posições da CST/PSOL representaram uma frente única na prática com a direita golpista.
De qualquer forma, é necessário sublinhar que de maneira envergonhada e diante das evidencias da farsa da Laja Jato, a CST afirmou que “por tudo isso entendemos que o julgamento de Lula deve ser anulado e que o ex-presidente deve aguardar um novo julgamento em liberdade.” O que é uma mudança em relação a defesa da prisão de Lula, mas ainda é limitada, na medida em que defende a anulação somente do julgamento, mas deveria ser a anulação de todos os processos contra Lula.
Diante da falência política da Lava Jato com a comprovação da farsa jurídica, e dos claros objetivos golpistas do juiz Sergio Moro, a CST advoga a mesma solução do Estadão e de setores golpistas, o afastamento de Moro, para preservar o governo Bolsonaro em crise. Não por acaso, assim como o PSTU, que também defendeu o “Fora Todos!”, o que na pratica representava somente o Fora Dilma, pois era esse o governo que estava sendo derrubado, a CST/PSOL não defende o Fora Bolsonaro.