Claudio Lotitto, presidente do Lazio Futebol Clube italiano e membro do Conselho da Série A do Campeonato Europeu, deu declarações típicas das elites mundiais, que tentam diminuir ou apagar o problema da opressão do povo negro.
Confrontado sobre o debate a respeito dos xingamentos nos estádios, Lotitto respondeu que os ruídos e xingamentos que têm gerado controvérsia “não são necessariamente contra pessoas negras.” Entretanto, concluiu dizendo que “pessoas de pele normal, brancas, também são alvos dos mesmos xingamentos.”
Este ato falho repercutiu em toda imprensa burguesa, que se aproveitou para posar de bastião da moral, defensora dos direitos dos povos oprimidos e, obviamente, pedir punições para os torcedores.
É preciso compreender problemas como este para saber como se posicionar. É certo que não devemos esperar de um empresário do futebol uma defesa engajada contra a opressão do povo negro. Lotitto é um capitalista, criado sob os valores da alta burguesia italiana, que pensa – toda ela – que as pessoas de pele normal seriam as brancas.
A concorrência burguesa se acirra também nos esportes e aproveita todos os pretextos para atacar times adversários. Assim, quando surge a oportunidade de enfraquecer um time, a cartolagem se une sob quaisquer pretextos. Quantos times não teriam interesse em enfraquecer a Lazio no campeonato italiano, por exemplo, punindo sua torcida organizada? Por isso, a imprensa, controlada por empresários tão ou mais racistas que Lotitto, se empolgam com esse tipo de declaração, que lhes dá o pretexto para pressionar seus concorrentes e pedir mais repressão.
Devemos ser terminantemente contra punição de torcidas organizadas com base em xingamentos. Este expediente dá uma ampla margem de manobra para aplicação de qualquer arbitrariedade contra torcidas e times que se queiram atacar. Imagine-se a facilidade para culpar um grupo de milhares de torcedores de ter emitido uma palavra racista durante uma partida. É o expediente perfeito para interromper uma partida, multar clubes, proibir torcidas, fazer campanhas, aumentar a repressão.
Os mesmos agentes, capitalistas, juízes, jornalistas, que não defendem os africanos, árabes e outros povos da opressão que sofrem na Europa, não irão defendê-los dentro dos estádios, mas apenas dar continuidade à opressão. Que se criem impulsionem torcidas anti-racistas e anti-fascistas. A classe dos oprimidos está em maioria e sua organização é a condição para derrotar os opressores.