Da redação – Na manhã de hoje (10), moradores dos entornos da favela do Muquiço, em Guadalupe, bairro da zona Norte da cidade, se juntaram a amigos e familiares de Evaldo Rosa, 51, para protestar contra a ação fascista do exército no último domingo (7), em que os militares desferiram 80 tiros contra o carro do trabalhador e de sua família.
Os manifestantes estenderam 80 bandeiras do Brasil com um furo e tinta vermelha simbolizando os tiros que os soldados desferiram contra o carro da família.
“Essas bandeiras com sangue significam que aqueles que dizem que querem proteger o país, na verdade faz é atacar o povo”, falou uma senhora que acompanhava a manifestação.
Após o ato, todos se dirigiram ao cemitério onde centenas de pessoas aguardavam para enterrar o trabalhador.
O desespero dos familiares mais próximos era muito grande e acompanhado de uma enorme indignação coletiva.
Por diversas vezes podia-se ouvir pessoas associando o assassinato ao governo ilegítimo de Jair Bolsonaro.
Os companheiros do PCO do Rio de Janeiro foram ao ato e prestaram sua solidariedade aos amigos e familiares de Manduca, como Evaldo era apelidado por eles.
O pai de Luciana, falou para a equipe do Diário Causa Operária que estava muito indignado com o ocorrido e que no momento do crime foi imediatamente para o local, onde já encontrou seu genro sem vida.
“Nós chegamos e vimos os soldados querendo mexer no corpo e no carro. Com certeza queriam plantar alguma coisa (arma) para incriminar o Evaldo. É sempre assim que eles agem, fazem merda e não assumem a merda que fazem.”
No decorrer da conversa ele associa a morte de seu genro ao governo Bolsonaro e Witzel.
“Eu não votei nesses caras para fazerem isso com a gente não. Não é porque é pobre que é bandido”, após ter dito que votou em Witzel para governador e Bolsonaro para presidente, iludido com a farsa criada pela imprensa golpista.
No enterro, muitas pessoas chocadas, indignadas e revoltadas faziam comentários que deixavam claro que estão profundamente insatisfeitas com a forma como as forças de repressão se comportam em localidades pobres.
“Na zona Sul (área mais rica da cidade) esses FDP não fazem isso”, dizia um homem que acompanhava o enterro e associava a violência do exército contra a família ao governo Bolsonaro. “Esse governo aí que matou o Manduca”, exclamou.
Um dos cunhados de Edvaldo, visivelmente transtornado falava muitos palavrões e fazia a associação direta entre Bolsonaro e a morte de seu “irmão”, como o chamava.
“Meu cunhado era segurança, trabalhava de segurança. Botaram no jornal que ele era bandido. Bandido são vocês, que atiraram no meu cunhado. 83 tiros… Bolsonaro, vai tomar no c*. Seu arrombado”, fala o homem com justa indignação.
No último domingo (7), militares do exército brasileiro cometeram mais esse atentado fascista contra a população pobre do Rio de Janeiro, atirando de fuzil mais de 80 vezes contra o carro da família que passava nas proximidades da favela.
A ação dos militares tirou a vida de Evaldo e deixou dois feridos, o sogro Sérgio e um catador de materiais recicláveis que passava pelo local e correu em defesa da vítima.
Dentro do carro de Evaldo estavam a esposa, o sogro, o filho de 7 anos e uma amiga do casal. A família se dirigia para um chá de bebê.
Segundo os relatos, no dia do assassinato, um cidadão teria feito um registro de ocorrência na delegacia de polícia civil de Marechal Hermes, bairro vizinho, informando que 5 homens estavam praticando assaltos na localidade utilizando um carro sedã branco.
Momentos depois, o carro da família foi fuzilado por militares do exército, que após perceberem o engano trataram a esposa do homem assassinado com desprezo e sorrisos debochados.
O Comando Militar do Leste emitiu nota dizendo que os militares confundiram o carro com o dos assaltantes e por isso efetuaram os 80 tiros de fuzil contra a família desarmada, revelando a íntima relação estabelecida entre as polícias (no caso a polícia civil) e as forças armadas, uma vez que os soldados tinham a informação do registro de ocorrência feito numa delegacia.
A violência do estado contra a população tem crescido nos últimos dias e a população das comunidades e das periferias da cidade já conseguem identificar com clareza que o governo Bolsonaro, com suas políticas neoliberais de continuidade de ataque à população iniciada no governo golpista de Temer, é um dos principais responsáveis por isso.