Pouco antes do Natal o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump anunciou que seu país iria retirar rápida e totalmente as forças militares da Síria e proclamou vitória sobre o grupo terrorista Estado Islâmico. O anúncio causou surpresa geral tanto interna como externamente e como seria de se esperar despertou a fúria tanto de adversários quanto de aliados do presidente tanto uns quanto outros porta-vozes da indústria bélica e dos bancos setores predominantes na política estadunidense. Alguns dias depois o assessor de segurança nacional, John Bolton (aquele mesmo para quem bolsonaro prestou continência) durante visita a Israel, contradisse Trump ao afirmar que alguns “objetivos” deveriam ser atingidos antes que uma retirada seja efetivada. O Secretário de Estado, Mike Pompeo em visita à cidade do Cairo nesta quinta-feira reafirmou a vitórias total das forças estadunidenses sobre os terroristas na Síria e acrescentou que seu país é uma força do bem no Oriente Médio.
Esse foi mais um episódio de contradições em pronunciamentos de autoridades estadunidenses que reflete as contradições internas da burguesia do país e que já há muito assumiu dimensões de guerra aberta entre as diversa facções. A possibilidade de uma guerra civil não é algo remoto e poderia se tornar maior se for concretizado o impedimento do presidente. A retirada de tropas da Síria, a aproximação com a Rússia (para contrabalançar o peso da China) e a diminuição relativa da ação estadunidense no exterior foram promessas de campanha de Trump que delas teve que recuar em razão da intensa pressão que vem sofrendo do principal setor do imperialismo.
Quanto à retirada das tropas da Síria no momento a situação é confusa. Não se sabe exatamente o seu número (calcula-se em cerca de 2.000) mas há que se ressalvar a assistência que os Estados Unidos prestam extraoficialmente aos diversos grupos que ali agem. O fato é que a despeito da derrota ninguém acredita numa retirada total voluntária das forças ianques do território sírio uma vez que além das pressões internas, Israel reluta em aceitar que os Estados Unidos deixem de defender os interesses sionistas na região. Outro fator que reforça o descrédito numa retirada total é que dos lugares onde tropas estadunidenses ficam sua bandeira elas só se retiram totalmente se forem expulsas a força. A corroborar esse ponto de vista a Turquia, Rússia e Irã em conjunto declararam que irão monitorar a retirada dos militares estadunidenses.