Dê dinheiro e seja perdoado

O procurador Dallagnol é também promotor de vendas

A Lava Jato fazia altos negócios

A popularmente nomeada Vaza Jato (conversas indiscretas dos integrantes da operação criminosa Lava Jato que os jornalistas do The Intercept vêm divulgando nos últimos meses) soltou mais uma traquinagem do procurador federal Deltan Dallagnol.

Desta vez, em parceria com a Agência Pública (que se apresenta sem fins lucrativos e como por jornalistas investigativos desde 2011) publicou este conteúdo: Dallagnol aceitou doações da dona de uma empresa que seria investigada na Lava Jato para o Instituto Mude – Chega de Corrupção e, depois, a poupou da operação.

Mais: o tal instituto Mude – Chega de Corrupção teve como sua primeira sede o templo da Igreja Batista de Bacacheri, de Curitiba, frequentada por Dallagnol, onde frequentemente prega a seus irmãos do alto do púlpito em nome do Senhor.

Mais: a igreja financiou as viagens dos representantes do instituto. Mais: a conta bancária da igreja também custeou o sítio na internet do instituto Mude.

Em um diálogo vazado entre Deltan e a gestora do instituto, Patrícia Fehrmann, ele sugeriu que o dinheiro de suas palestras fosse destinado ao Mude: “Consigo recursos também pelas palestras, mas o ideal era que o Mude virasse PJ [pessoa jurídica]… assim fica mais transparente a destinação e aplicação, porque posso ser cobrado em algum momento pela destinação de valores… Quanto antes virar PJ, seria melhor pq há umas palestras engatilhadas”, escreveu.

Em outra mensagem no aplicativo Telegram, Patrícia Fehrmann escreveu: “Marcos e Deltan. Como o valor de oferta entrou na conta da igreja. A nota tem que ser pra igreja também. A igreja será o pj no caso do site. Calculo 8mil mas brifei 3 fornecedores e estou esperando o orçamento”.

O pastor Marcos, da Igreja Batista de Bacacheri, escreveu: “Pessoal, quais são as próximas viagens para esse mes? Compartilhei com Patricia e Fabio o relatorio financeiro da IBB… Talvez tenhamos que pedir mais algumas ofertas para essas viagens…”

O instituto Mude – Chega de Corrupção foi criado para defender as 10 Medidas contra a Corrupção e tomar posições públicas por Dallagnol, como a do pedido de impeachment contra ministros do STF, sem que ele aparecesse.

Nas conversas reveladas ele faz a ligação entre a advogada Patrícia Tendrich Pires Coelho, dona da Asgaard Navegação – fornecedora de navios para a Petrobras -, e representantes do instituto Mude. Dallagnol escreveu para Patrícia Fehrmann sobre a doadora:  “Caramba. Essa viagem de ontem foi de Deus. Além dela, estava um deputado federal que se comprometeu a apoiar rs”.

Tempos depois, outro fundador do instituto, Hadler Martines, escreveu ao grupo do Telegram  #Mude Delta,Fáb,Pat,Had,Mar”: “Talvez vocês já tenham feito isso mas sobre nossa investidora anjo, dei uma boa pesquisada sobre seu histórico e realmente ela parece ser uma grande empresária multimilionária e com grande trânsito com grandes empresários nacionais. Hoje ela é sócia de empresa de frotas de navios (Aasgard) e de mineração e portos (Mlog). Algumas coisas que me chamaram atenção: – sua empresa fornece navios para a Petrobras; – ela é ex-banco Opportunity (famoso Daniel Dantas) – ela foi ou é muito próxima do Eike Batista e também do André Esteves (BTG)”.

Dias mais tarde, Hadler informou ao grupo: “sobre nossa reunião com o Anjo, ainda estou com uma pulga atrás da orelha tentando entender a razão do apoio financeiro tão generoso (sendo cético no momento). Me pergunto se ela quer ‘ficar bem’ com o MPF por alguma razão… Ela já foi conselheira do Eike e pelo que li dela, ela o representava em algumas negociações”, e também compartilhou uma reportagem da Exame que citava Patrícia Coelho.

Mais de um ano depois, o próprio procurador Deltan anunciou no grupo do instituto Mude: “Caros, uma notícia ruim agora, mas que não quero que desanime Vcs. A Patricia Coelho apareceu numa petição nossa e me ligou. Ela disse que tinha sociedade com o grego Kotronakis (um grego que apareceu num esquema de afretamentos da Petrobras e que foi alvo de operação nossa), mas ele tinha só 1% e ela alega que jamais teria transferido valores pra ele… Falei que somos 13, cada um cuida de certos casos, que desconheço o caso […] Ouvindo sobre o caso superficialmente, não posso afirmar que ela esteve envolvida ou que será alvo, mas há sinais ruins. É possível que ela não tenha feito nada de errado, mas talvez seja melhor evitar novas relações com ela ou a empresa dela, por cautela”.

Assim, Patrícia Coelho acabou poupada de uma denúncia do MPF, mas seus sócios Ney Suassuna (ex-senador pelo MDB) e Georgios Kotronakis, filho do ex-cônsul honorário da Grécia no Rio de Janeiro, Konstantinos Kotronakis, não.

Na reportagem, Dallagnol também aparece negociando outras doações para o Instituto, como por exemplo, do dono da rede de restaurantes Coco Bambu, um bilionário evangélico chamado Flávio, do Wise Up, a empresária Rosãngela Lyra, ex-sócia da Dior Brasil, e um dono de shoppings chamado Paulo.

O Código de Ética e de Conduta do Ministério Público da União, assinado em setembro de 2017 pelo então procurador-geral da República Rodrigo Janot, diz que é compromisso de conduta ética dos procuradores “atuar com imparcialidade no desempenho das atribuições funcionais, não permitindo que convicções de ordem político-partidária, religiosa ou ideológica afetem sua isenção”.

Então é isso.

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