Duas verdades incontestáveis: não há nada que esteja ruim que não pode ser piorado e tudo de ruim que é experimentado nos Estado Unidos, um dia, acaba chegando ao Brasil. Pois uma versão tupiniquim do projeto PRISM está na pauta do Congresso para legitimar a espionagem pelo governo de todos os brasileiros por meio de seus telefones e computadores.
Vamos recordar: em 2013, Edward Snowden denunciou que a vida privada dos cidadãos norte-americanos era espionada pela NSA (National Security Agency), onde ele trabalhava a partir de um escritório em Honolulu, no arquipélago do Havaí, desde 2007.
As denúncias de Snowden resultaram em uma série de reportagens do jornalista estadunidense Glenn Greenwald para o jornal britânico The Guardian que causaram um alvoroço mundial, pois além dos cidadãos dos EUA, acabou se constatando que a espionagem era contra alvos estratégicos de interesse do imperialismo em todo o mundo, como os emails e celulares da presidente Dilma Rousseff, do nosso Ministério das Minas e Energia, da Petrobras, da presidenta da Argentina, Cristina Kirshner, do presidente da Bolívia, Evo Morales, e até da primeira-ministra da Alemanha, Angela Merkel, que depois disso abandonou o uso de smartphones e passou a usar celulares modelos antigos, com teclas, que não pudessem ser hackeados.
Em 2013, Glenn Greenwald, já residente no Rio de Janeiro, além de ser articulista para o jornal da Inglaterra, apareceu em diversos programas de domingo da Rede Globo, o Fantástico, para contar que Dilma e a Petrobras eram espionados pelo país de nascimento dele. Dilma “ficou de mal” do Obama e cancelou uma visita oficial que estava marcada que faria a Washington. Lembra?
Hoje a gente sabe o resultado daquilo, certo? Recapitulando: Dilma foi derrubada, tomaram o Pré-Sal, tomaram a Embraer, prenderam o Lula e o impediram de ser presidente novamente e nos impuseram uma nova ditadura, num resumo bem rápido, e o Glenn Greenwald denuncia no Intercept que a Lava Jato foi uma manobra para fraudar a democracia e obter esse resultado.
As reportagens do Greenwald para o The Guardian sobre o Snowden – que está asilado em Moscou – lhe renderam um prêmio Pulitzer e um Oscar, pelo roteiro do filme “Snowden”, dirigido pelo cineasta Oliver Stone, que mostra o personagem título tapando com fita a câmera do seu celular e do seu computador.
Pois é essa a situação que se avizinha para todos nós.
Está em trâmite no Congresso Nacional o projeto de lei 2418/2019, de autoria do deputado José Medeiros (Podemos-MT), o principal apoiador do nazista Moro na Câmara, que é praticamente a reedição do projeto PRISM da NSA contra os brasileiros. A justificativa é exatamente a mesma: prevenir o terrorismo, sendo que aqui no Brasil, os terroristas trabalham para o atual governo, atiram na população do alto de um helicóptero, invadem aldeias indígenas demarcadas, chacinam pobres e pretos nas periferias, mantém presos políticos em masmorra de Curitiba e vitimam idosos e carentes com a supressão de medicamentos e fechamento de unidades de atendimento de saúde. Do outro lado, restam “hackers” em meio período de Araraquara, que dividem o tempo sendo manicure, motorista e estelionatário, e torcedores de futebol exaltados que mandam frequentemente sua excelência o governador geral da colônia escravizada tomar um caju.
Até onde se sabe, o projeto PRISM dos EUA, totalmente ilegal, foi desativado quando a barbaridade veio a público por Snowden e Greenwald. Pelo menos, oficialmente.
Aqui no Brasil, de maneira sempre sui generis, os fascistas querem tornar oficial grampear todo o mundo, toda a população. Os deputados que estão discutindo o PL em comissão não têm sequer a decência de ter a vergonha que o governo norte americano fingiu ter quando foi apanhado com as calças arriadas ferrando seus cidadãos e chefes de Estado aliados nos diversos continentes.