“O PT não vai aceitar isso. Não dá para você construir uma frente ampla, não dá para defender direitos com quem tirou direitos”
Luís Inácio Lula da Silva
Em recente entrevista (18/09) ao jornalista Renato Rovai, à Revista Fórum, o ex-presidente Lula, preso há mais de 530 dias no processo mais farsa da história do Brasil, deu um recado absolutamente contundente para o seu partido, mas que também se estende às demais forças políticas da esquerda, particularmente àquelas que se colocam no campo da luta contra o golpe.
Não é possível fazer avançar a luta contra o golpe aliado com os patrocinadores do golpe, que procuram, no fundamental, frear a polarização política no País, estabilizar o regime político saído do golpe de Estado, garantir Bolsonaro até 2022 e se reciclar, às custas da esquerda, na perspectiva de se colocar como alternativa eleitoral para aprofundar a política bolsonarista em uma versão sem Bolsonaro.
O impeachment da presidenta Dilma Rousseff, a perseguição e prisão de dirigentes do PT, em primeiro lugar de Lula, a fraude eleitoral que conduziu à presidência um fascista é a política do golpe. A fim de permitir a política de destruição do país, entregar as empresas estatais, sucatear a educação e a saúde, acabar com a Previdência, retirar conquistas históricas dos trabalhadores, restringir mais ainda os já restritos direitos democráticos, enfim, colocar o país numa condição de uma ditadura velada, o PT e Lula, necessariamente, deveriam ser retirados da cena política. Essa foi a política do PSDB, do DEM, de Fernando Henrique Cardoso, Geraldo Alckmin, Paulinho da Força, Ciro Gomes e do imperialismo que é o verdadeiro arquiteto do golpe.
Lula está absolutamente correto, não dá para defender direitos com quem tirou direitos e quer tirar mais. O caminho pregado por setores da direita do PT, pelo PCdoB, por Fernando Haddad, Rui Costa, Flávio Dino, Guilherme Boulos é um beco sem saída para o conjunto dos explorados do País. É um ilusão, também, para esses mesmos setores que buscam “virar a página do golpe”, estabelecer uma política de alianças com os próprios golpistas. A direita representada pelo “Centrão”, o imperialismo e toda a teia golpista montada no País não vão entregar para a esquerda o que teve um alto custo para a sua realização. A esquerda iludida não faz mais do que o papel de bobo da corte.
A frente que a esquerda e os trabalhadores precisam é uma frente de luta, é o povo nas ruas, é a mobilização de dezenas de milhões de explorados contra o regime político golpista. Esse sentimento já encontra-se presente no meio do povo. Qualquer manifestação, as grandes e as pequenas, têm duas palavras de ordem praticamente unânimes, “Lula Livre” e “Fora Bolsonaro”. O papel das direções, se realmente são direções, é a de ser a vanguarda desse movimento. Criar as condições para ampliar exponencialmente o sentimento popular.