Em uma das operações rotineiras da polícia do Rio de Janeiro, um rapaz, de nome Willian Augusto da Silva, foi executado por um atirador de elite das forças de repressão, após a autorização do governador, Wilson Witzel, para proceder com a ação.
Nas imagens, um rapaz sai do ônibus, onde teria anunciado um sequestro, joga sua mochila em direção a polícia e, em seguida, cai já morto, após ser alvejado. O rapaz não tinha arma de fogo e, até aquele momento, não fez nenhuma ameaça real a qualquer pessoa que fosse.
O caso lembrou o sequestro do ônibus 147, onde Sandro Barbosa do Nascimento, sobrevivente da Chacina da Candelária, teve o mesmo destino. Só que nesta oportunidade, a PM matou a sequestrada, primeiro, e, depois, já no camburão, matou Sandro por asfixia.
Que a direita celebre esse tipo de acontecimento, não é de se surpreender. A comemoração esdrúxula de Witzel, que foi de helicóptero ao encontro do cadáver de Willian, não deixa dúvida de que a direita golpista efetivamente vibra a cada negro, pobre e trabalhador executado pela polícia. Mas a esquerda “passar o pano” para isso, aí já é preciso uma dura denúncia.
Foi o caso de Marcelo Freixo, o homem das UPPs do Rio de Janeiro, que, ao saber do ocorrido no sequestro do ônibus na Rio-Niterói, disse que a ação da polícia foi “técnica”. “A polícia agiu de acordo com o que prevê a lei e de forma técnica. A legislação autoriza esse tipo de ação em situações críticas, em que há risco iminente à integridade de terceiros”, disse o político do PSOL, assinando embaixo as medidas de Witzel.
Compare, leitor, a declaração de Freixo com a de Jair Bolsonaro: “Parabéns aos policiais do Rio de Janeiro pela ação bem sucedida que pôs fim ao sequestro do ônibus na ponte Rio-Niterói nesta manhã. Criminoso neutralizado e nenhum refém ferido”.
Não precisa ser expert em análise política para ver a completa capitulação da esquerda pequeno burguesa para a direita golpista. Se chegou ao ponto de defender, junto com os assassinos, a morte de mais uma pessoa pela polícia do Rio de Janeiro, que, só este ano, já matou mais de 1000, em ações sempre “técnicas”.
É por conta de posições como a de Freixo que a direita avança contra os mais elementares direitos democráticos da população. É por conta dessa associação, da esquerda com a direita, especialmente no tocante a repressão, que os números de mortos pelo Estado só aumentam, não só no Rio, mas no Brasil todo, especialmente depois do golpe de Estado.
É preciso denunciar duramente a esquerda 190, essa que adora cadeia e a ação policial. Que sempre está querendo aumentar crimes e penas. Que não liga para as 800 mil almas do sistema carcerário. Essa esquerda precisa ser duramente combatida, tanto quanto a direita golpista.