Ciro Gomes, principal figura pública do Partido Democrático Trabalhista (PDT), concedeu, recentemente, uma entrevista ao portal UOL, que é administrado pelos donos do jornal golpista Folha de S. Paulo. Na entrevista, Ciro Gomes atacou os jornalistas Kiko Nogueira, do portal Diário do Centro do Mundo, e Paulo Moreira Leite, do portal Brasil 247, ambos figuras de projeção nacional nas denúncias contra a direita golpista.
Os ataques a Paulo Moreira Leite a Kiko Nogueira não foram as únicas declarações de Ciro Gomes que chamaram atenção na entrevista. O pedetista também rasgou elogios às Forças Armadas brasileiras e à direitista Marina Silva, além de criticar o apresentador de televisão Luciano Huck, que pretende ser candidato à presidência da República.
A postura de Ciro Gomes na entrevista aponta para o seguinte fato: menos de um ano depois das eleições de 2018, o pedetista já está em campanha para concorrer à presidência assim que tiver oportunidade. Não fosse assim. não teria motivo algum para sair atacando Luciano Huck – que, inclusive, defende interesses semelhantes aos de Ciro Gomes – ou buscasse afagar as Forças Armadas e figuras como Marina Silva.
Embora se apresente como um candidato “progressista”, Ciro Gomes não é um candidato que mereça a confiança dos trabalhadores. Ciro Gomes é um candidato que representa os interesses da direita golpista – conforme ficou claro na sua mais recente entrevista.
Ao atacar os jornalistas Paulo Moreira Leite e Kiko Nogueira, Ciro Gomes deixou claro que não quer se aliar com a esquerda:
Se você olhar os sites 247, Diário do Centro do Mundo, é tudo picareta que o PT contrata nas piores escolas do jornalismo brasileiro e traz para servi-lo fazendo a prática corrupta que faziam a serviço da direita bandida do Brasil para eles. Paulo Moreira Leite, quem que não sabe de onde vem? Esse Kiko Nogueira, quem não sabe de onde vem? (…) O Kiko saiu do Sistema Globo, da Revista Época, banido porque fazer picaretagem. Paulo Moreira Leite foi demitido do Grupo Abril, onde fazia picaretagem a serviço da pior direita corrupta do Brasil. As migalhas que caíram do “mensalão” e do “petrolão” são eles que estão comendo.
Cinicamente, Ciro Gomes acusou dois jornalistas envolvidos há anos na luta contra o golpe, que vêm denunciando os planos da burguesia golpista e contribuindo com a mobilização contra a direita, mas não atacou, em nenhum momento a imprensa burguesa – sobretudo a própria Folha de S. Paulo, que o estava entrevistando -, que é extremamente corrupta e é inimiga de toda a população. Em um determinado momento, Ciro Gomes chega a elogiar os dois repórteres.
Ao mesmo tempo em que Ciro Gomes ataca Paulo Moreira Leite e Kiko Nogueira e os petistas que seguem, em alguma medida, a orientação política determinada pelo maior líder popular do país, o ex-presidente Lula, o pedetista afirmou que seu partido não irá se aliar com o PT nas eleições municipais de 2020. Além disso, afirmou que a fração do PT que mereceria admiração é a comandada pelo governador Rui Costa (PT-BA), que representa os interesses da ala direita do PT, tendo inclusive apoiado a reforma da Previdência e uma série de privatizações em seu próprio estado.
O fato de Ciro Gomes ter sido contra o impeachment de Dilma Rousseff e fazer discursos com um tom moderadamente nacionalista não esconde o que de fato é: um candidato alternativo da direita golpista – isto é, um abutre a espera de uma oportunidade para alavancar sua carreira. O regime político se encontra em uma crise muito profunda – tanto que os partidos tradicionais da burguesia, como o DEM, o PSDB e o MDB estão se dissipando. Por isso, mesmo que Ciro Gomes não seja um representante de maior confiança por parte do imperialismo, sua candidatura se coloca como uma carta na manga da direita.