A União Europeia foi formada sob um contexto onde o fortalecimento a nível internacional dos países imperialistas europeus era visto como uma necessidade imediata, uma forma de disputar mercado com os Estados Unidos e passar o controle econômico de boa parte da Europa na mão dos principais capitalistas e banqueiros do continente.
Tais medidas foram responsáveis pela política que jogou todo peso das crises mundiais nas costas dos países mais atrasados fora do continente e da região, como ocorreu com os bancos alemães destroçando a Grécia, um dos primeiros países a entrar em forte crise econômica e social devido a crise mundial do capitalismo.
Após a crise de 2008, as tentativas por parte do imperialismo europeu em contornar a situação exercendo controle sobre a economia dos países atrasados não se mostrou o suficiente para evitar a desagregação do bloco imperialista, o aprofundamento da crise nestes países e a explosão social contida por todo território.
O movimento separatista na Espanha é um forte sintoma desta situação que envolve todo o continente. A desagregação de um dos principais países imperialistas do mundo corresponde a um momento de crise do capitalismo ainda mais aprofundado, a entrada em uma nova etapa da crise geral do sistema e um declínio ainda maior em sua decadência.
Além do caso espanhol, vemos se proliferar por todos os países a restruturação e o crescimento da extrema-direita, o cão raivoso da burguesia imperialista, que aparece sempre em momentos de grande crise econômica, uma contraposição a revolta popular da classe operária, presente inicialmente no elo mais fraco do imperialismo, como a Itália, mas que já se desenvolve em todos os lugares, como no caso francês.
Combinado a toda esta situação geral de desagregação do bloco, vemos em destaque o caso inglês, protagonizado pela campanha em favor da saída do Reino Unido da União Europeia, um exemplo claro da crise.
Porém, como acontece com todo os países imperialistas, estas tomadas de decisões sempre são responsáveis por aprofundar ainda mais a crise interna nesses países. Tal fato é notável na disputa entre o parlamento inglês, liderado pelos trabalhistas e o primeiro ministro, Boris Johnson.
O primeiro ministro deseja prontamente aprovar o texto de acordo do Brexit, uma tentativa desesperada de por um fim a crise muito crescente no regime. No entanto o parlamento, por meio de reunião extraordinária, votou favorável a postergação da saída da UE, indo contra o desejo de Johnson em aprovar ainda nesse período o projeto.
Com esta situação, Johnson ameaça suspender o texto em tramitação e convocar novas eleições gerais, antes do final deste ano. Uma forma de forçar os parlamentares britânicos a votarem o acordo, já responsável por levar a crise que derrubou Theresa May.
Boris Johnson quer que o projeto pela saída do Reino Unido seja aprovado até o dia 31, algo que parece atualmente uma irrealidade para o restante do governo, que tenta levar para o final de janeiro a decisão.