O aumento vertiginoso das incursões policiais nas favelas do Rio de Janeiro tem gerado números catastróficos. As mortes por parte da polícia crescem a cada dia. Com a política bolsonarista e, portanto, fascista do governador Wilson Witzel (PSC) “O Sicário”, a PM tem agido com carta branca para entrar nos bairros pobres e promover o morticínio noticiado diariamente. Para evitar o aumento do número de inocentes mortos, escolas e hospitais tem mantido as portas fechadas.
Diante desta hecatombe, o Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) desenvolveu um método chamado Acesso Mais Seguro (AMS) que, segundo Mary Werntz, diretora global de operações do CICV, o trabalho começa pela criação de um plano de contingência, elaborado a partir de reuniões com a comunidade. O programa já contempla cinco cidades brasileiras: Porto Alegre (RS), Florianópolis (SC), Duque de Caxias (RJ), Rio de Janeiro (RJ) e Fortaleza (CE). Em Vila Velha (ES), o programa encontra-se em fase de implementação. Para saber agir sob a violência do Estado, os profissionais que trabalham em escolas e unidades de saúde recebem treinamento sobre rotas de fuga, destacamento de pessoas para funções específicas (como ligar para familiares, por exemplo), são recursos utilizados como meio para manter o funcionamento destes locais sob fogo cruzado.
De acordo com levantamento feito pela Folha, uma em cada quatro escolas da rede municipal carioca perdeu um dia de aula devido à violência urbana. Em julho deste ano, após intenso tiroteio nas imediações, no bairro de Manguinhos, houve a interrupção de três dias seguidos em uma escola. Segundo a reportagem, um dos municípios que adotaram o programa, o tempo que escolas, unidades de saúde e serviços de assistência social passam a ficar fechados em função do terrorismo de Estado (como troca de tiros) caiu 40%.
Para Werntz, a diferença está nos governos: nas cidades brasileiras em que ‘o poder público existe’, ele contrata funcionários, estabelece normas e fornece serviços públicos.
Ainda segundo a diretora da CICV, “Há uma preocupação externa da parte da Cruz Vermelha em deixar claro, especialmente numa situação de conflito, que nós não atuamos em favor de um lado ou de outro. Todo o valor do nosso trabalho reside no fato de nós termos essa capacidade de atravessar as divisões e falar com ambos os lados. Pegue o exemplo de um hospital de campanha: nós não somos um poder armado para chegar lá com tanques de guerra, ocupar o lugar e montar o hospital. É tudo negociado”.
Em suma, o projeto enseja a possibilidade de adequação da vida da população mais pobre ante à política de guerra implementada pela direita, como é o caso do Rio de Janeiro, com Witzel. Não se trata de repúdio aos sucessivos avanços dos fascistas contra o povo oprimido, apenas a adequação e o contingenciamento da população local para manter o status quo da política genocida da direita golpista ao invés de combatê-la, parando com as ações da PM e, até mesmo, sua dissolução imediata.