Desde o início dessa segunda-feita uma importante greve de rodoviários ocorre na grande Vitória, capital do Espírito Santo. Com uma paralisação que atinge 95% da frota de ônibus, conforme reconhecido pela grande imprensa burguesa golpista, a greve é um sintoma de uma situação que vai muito além de uma manifestação específica de uma categoria em um Estado relativamente secundário do País.
O eixo fundamental da paralisação dos rodoviários é contra a política do governo do Espírito Santo e dos empresários ligados ao setor em acabar com os cobradores de ônibus, Isso significa, na prática, milhares de demissões na categoria.
O grau de radicalização dos trabalhadores foi medido pelos piquetes ocorridos na madrugada se domingo para segunda nas garagens e terminais de ônibus. Com uma adesão de praticamente 100% dos trabalhadores, os poucos fura-greves que se aventuraram em ir contra a mobilização foram rechaçados por uma categoria em pé de guerra contra a política de demissão dos empresários do setor, respaldados, como não poderia deixar de ser, pelo governador de “esquerda” do PSB, Renato Casagrande, uma “aliado” esquerdista amigo do golpe de 2016, assim com o seu Partido.
Diferentemente de sucessivas greves de rodoviários que ocorrem em todo o país e que são tratadas, muitas das vezes, como locaute, que visam atender aos interesses dos empresários dos transportes para aumentar o valor das tarifas pagas pela população, o protesto da Federação das Indústrias do Espírito Santo ( Findes) contra a greve é uma demonstração de que estamos diante de uma outra situação: “pelo menos 500 mil trabalhadores estão impedidos de chegar aos seus postos de trabalho… o que gera a perda de 422 milhões de reais por dia útil”.
“Sem cobrador não roda. Segunda-feira, 12 de agosto, vamos parar tudo”. Essa foi a palavra-de-ordem central do sindicato cutista que está à frente da mobilização. Os juízes da justiça do trabalho, servos do capital, se apressaram em condenar o sindicato com uma multa de 100 mil reais por dia, caso o sindicato não garanta o funcionamento de 75% da frota.
De acordo com informações da imprensa burguesa, a assembleia ocorrida no final da tarde dessa segunda-feira, reafirmou a greve, mas teria estabelecido o compromisso em garantir o percentual exigido pela justiça. O fato dessa mesma justiça ter elevado a multa para 200 mil depois da assembleia é sintomático de que a proposta que teria sido aprovada não expressa o verdadeiro sentimento da categoria .
Conforme afirmado anteriormente, muito mais do que uma reivindicação isolada de uma categoria, a greve dos rodoviários da grande Vitória é a expressão, embora latente, da classe operária brasileira em se opor ao desemprego, à política de fome e miséria resultado da destruição do país pela política neoliberal imposta pelo golpe de 2016 e na etapa do golpe saído das eleições de 2016 tem como resultado a frente ampla do fascista Bolsonaro com os governos estaduais, pseudo esquerdistas de todas as matizes, prontos a a fazer com que os trabalhadores paguem pela crise de um sistema podre.
A chave da situação política está na esquerda, em particular na Cut e em todos os setores que se colocam na luta contra o golpe e a favor de derrotar Bolsonaro nas ruas. Independentemente do resultado da greve dos rodoviários da grande Vitória, o que ocorre nesse Estado no atual momento é um sintoma do que vai varrer o Brasil no próximo período.
Lutar contra o desemprego. Fazer com que os patrões paguem por uma crise que não é dos trabalhadores é uma questão de vida ou morte para a classe operária.