Ao desembarcar no Aeroporto Internacional de Natal, no Rio Grande do Norte, no fim da noite da quinta-feira (19), quando do seu retorno de viagem à Europa, foi preso por policiais federais o ex-governador da Paraíba Ricardo Coutinho (PSB), um dos alvos da sétima fase da “Operação Calvário – Juízo Final”, que investiga desvios de R$ 134,2 milhões na saúde e educação da Paraíba.
Na manhã de ontem (20), após a realização da audiência de custódia, foi mantida a prisão preventiva do ex-governador, para a surpresa de seu advogado Eduardo Cavalcanti, que esperava que a prisão fosse revogada. Por essa razão, ele deverá ser transferido para a Penitenciária de Segurança Média Juiz Hitler Cantalice, no bairro de Mangabeira, na capital paraibana, junto aos demais presos na sétima com prerrogativa de prisão especial.
Segundo a operação, o valor total desviado da saúde e educação foram destinados a agentes políticos e às campanhas eleitorais de 2010, 2014 e 2018. Uma conversa gravada mostra Ricardo Coutinho debatendo valores de supostas propinas com o operador da Organização Social Cruz Vermelha (CVB) e Instituto de Psicologia Clínica Educacional e Profissional(Ipcep), Daniel Gomes. No áudio, Coutinho questiona sobre o pagamento de quantias em atraso.
O ex-governador nega as acusações, e disse, na terça-feira (17), que “jamais seria possível um Estado ser governado por uma associação criminosa e ter vivenciado os investimentos e avanços nas obras e políticas sociais nunca antes registrados”. A investigação identificou fraudes em procedimentos licitatórios e em concurso público, além de corrupção e financiamento de campanhas de agentes políticos e superfaturamento em equipamentos, serviços e medicamentos.
Embora já tivesse sido expedido o mandado de prisão preventiva para o político, ela só pôde ser efetivada agora quando do retorno da viagem de férias. Mas, mesmo antes, seu advogado já havia impetrado habeas corpus ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), para tentar evitá-la, o que não foi possível pois o STJ não havia proferido nenhuma decisão.
Coutinho, embora do PSB e defensor de alianças com a direita, é um ex-petista que foi contra o impeachment de Dilma Rousseff, possui ligações com apoiadores do ex-presidente Lula e pertence a uma ala mais nacionalista do PSB. Por isso, acabou sendo vítima de mais uma prisão política do regime golpista, não tendo recebido apoio algum de seu partido. Pelo contrário: o seu sucessor João Azevêdo, atual governador da Paraíba, defendeu publicamente as investigações. Em nota divulgada na terça-feira (17), o atual governador informou que está colaborando com as investigações da Operação Calvário: “desde o início, a atual gestão tem mantido a postura de colaborar com quaisquer informações ou acesso que a Justiça determinar em seus processos investigativos”.