A crise na Venezuela leva algum tempo sendo uma realidade e cada dia se agrava mais. Hiper inflação, desabastecimento, migração massiva, racionamento, distúrbios e uma criminalidade altíssima.
Uma crise econômica que naturalmente também é política. Tivemos recentemente o episódio da autoproclamação de um dos líderes da oposição e marionete dos imperialistas, Juan Guaidó, como presidente interino do País. Sem que tenha havido eleições nem nada, simplesmente saiu, se pôs diante de um pequeno grupo e disse que agora era o presidente; assim de fácil e assim de incrível.
Alguns setores atrasados da esquerda dentro da Venezuela e fora o apoiam – porque a crise por lá já se torna praticamente insustentável – e intitulam o presidente legítimo, Nicolás Maduro, como um autoritário e ainda não reconhecem as verdadeiras intenções dos imperialistas para com a Republica Bolivariana, na prática servindo de apoio ao imperialismo contra o país caribenho. Fora, obviamente, a direita golpista financiada pelos grandes monopólios.
E foi a lacuna para os EUA reconhecerem Guaidó como presidente e ainda “oferecer ajuda humanitária”. Será por que eles são bonzinhos e não aceitam regimes autoritários e não toleram que se sofram de pobreza e fome e por que defendem os direitos humanos em todo o mundo?
Óbvio que não, afinal os Estados Unidos se relacionam bem com muitos regimes autoritários como Arábia Saudita, Omã, Catar, Jordânia, Egito e muitos outros. Enquanto a pobreza e a fome nestes momentos no Iêmen são brutais, e que as próprias Nações Unidas consideram ser uma das piores situações dos últimos 100 anos.
E tudo provocado pelos ataques e bloqueios aéreos, terrestres e marítimos da Arábia Saudita e a coalizão militar que encabeça com total apoio dos EUA. No entanto, para os Estados Unidos a pobreza, fome, respeito aos direitos humanos verdadeiramente não são importantes. Até porque a maioria destes governos ditatoriais são seus amigos a começar pela Arábia Saudita que pratica pena de morte, tortura, esquarteja jornalistas em embaixadas e etc… Conclusão que o intuito dos Estados Unidos ao enviar uma “ajuda humanitária” à Venezuela é uma grande farsa. Chega a ser assustadora a obsessão deles pela República Bolivariana e surpreendentemente desonesta.
A Venezuela é o país do mundo com as maiores reservas provadas de petróleo. E em 1908 sofreu seu primeiro golpe de Estado com apoio norte-americano e houve enormes concessões às empresas petroleiras estrangeiras, uma delas foi a Standard Oil (as atuais ExxonMobil e Chevron). E por muitos anos os imperialistas dominaram a comercialização do ouro negro venezuelano.
Até que em 1998 Hugo Chávez chega ao poder e começa a questionar os acordos anteriores de monopolização do petróleo venezuelano por estrangeiros, decidindo nacionalizá-lo de maneira séria. Porque havia uma lei desde 1976 que o nacionalizava, contudo era só um documento, uma vez que, na prática, não funcionava e o petróleo era sugados pelos grandes monopólios.
Os EUA se sentiu muito atacados e para agravar as situações diplomáticas Chávez deu muita força às organizações latino-americanos como a Celac ou a Unasul, nas quais o objetivo era a aproximação entre as nações latino-americanas.
Primeiro com Chávez e agora com Maduro: a relação absolutamente obediente com os Imperialistas chegou ao fim. O que acabou gerando uma série de sanções que consistem em bloqueio de ativos do estrangeiro, negação de vistos, embargos e bloqueios a financiamento de mercados internacionais e transações estrangeiras. Sanções e bloqueios que, longe de ajudar a população venezuelana, a deixa mais pobre e mais vulnerável. E de maneira cínica agora decidem enviar a tal escabrosa “ajuda humanitária”, que segundo o governo venezuelano só cobriria 6% dos alimentos distribuídos em um único dia pelos Comitês Locais de Abastecimento e Produção (CLAP).
Maduro qualifica esta ajuda como migalhas que oferece a direita, o império norte-americano e a oligarquia colombiana, cujo país sofre um processo de miséria crescente mas que alia-se como uma bucha de canhão do imperialismo para “ajudar humanitariamente” a Venezuela.
Em contrapartida, a Rússia tem se mostrado uma fiel aliada e ao governo bolivariano enviou 300 toneladas de medicamentos de auto custo. Maduro afirma que tem feito importantes acordos de cooperação com a Rússia e outros aliados, como China, Turquia, Índia, Cuba e Irã.
Os olhos do mundo hoje e amanhã estão na fronteira entre Venezuela e Brasil e Venezuela e Colômbia, onde acontecerá o espetáculo propagandístico promovido pelo imperialismo “Venezuela Aid Live” dirigido pelo magnata britânico Richard Branson e que contará com os escatológicos presidentes do Chile (Sebastian Piñera) e da Colômbia (Ivan Duque).
A verdade é que esta ajuda humanitária imperialista é uma farsa, a intenção real é invadir militarmente a nossa irmã Venezuela e voltar a controlar as riquezas do país.
A Venezuela não necessita desta ajuda humanitária. A Venezuela necessita do fim do bloqueio econômico e do boicote da burguesia, precisa que todos os trabalhadores latino-americanos se mobilizem para impedir a invasão imperialista.
Fora imperialismo da Venezuela!