Há 11 anos era declarada a maior falência da história dos EUA – o banco Lehman Brothers, com um ativo de 600 bilhões de dólares. Naquele dia, por causa disso, o índice Dow Jones Industrial caiu 4,5%, impacto que a bolsa de valores não sofria desde a queda das Torres Gêmeas. 15 de setembro de 2008 ficaria marcado para a história como o ápice da crise das hipotecas.
A bolha financeira demonstrou que o capitalismo está em plena derrocada. Incapaz de mobilizar as forças produtivas, o capital financeiro anda pelas próprias contas, criando dinheiro a partir do próprio dinheiro, sem nenhum lastro de valor adicional. Na prática, isso significa que o capitalismo atual se dedica à tarefa de concentrar riqueza, e não de produzi-la.
O Federal Reserve norte-americano, controlado pelo setor bancário privado, havia estabelecido ampla desregulemantação do mercado hipotecário, permitindo o crédito facilitado para financiamento habitacional. Bancos passaram a refinanciar casas, ou seja, aceitar como colateral casas que já estavam hipotecadas. Uma campanha intensa sobre a população incentivava o financiamento habitacional e muitas pessoas e empresas tomaram empréstimos especular na compra e venda de imóveis. Entretanto, com a alta na taxa de juros e o fim da alta de preços, muitos se viram impossibilitados de pagarem suas dívidas.
Alguns bancos quebraram, como foi o caso do Lehman Brothers, devido ao excesso de “papeis podres” em sua carteira, ou seja, empréstimos insolventes. Mas o grande prejudicado foi a população pobre, que teve suas casas reapropriadas pelos bancos, por não conseguirem saldar as dúvidas.
O governo estadunidense logo foi em socorro destas instituições financeiras, alocando praticamente 1 trilhão de dólares em sua salvação, comprando esses papeis. Aos pobres, nada de relevante foi feito. Em total desprezo ao caos social que se instalou em muitos subúrbios dos EUA, os bancos utilizaram este subsídio estatal para pagar os bônus de seus vendedores, isto é, a comissão de corretores que causaram todo esse caos.
Desde então, o capitalismo mundial não se recuperou. A crise financeira de 2008 apenas aumentou a concorrência entre capitalistas, que passaram a dar golpes de Estado em países periféricos, e promover o crescimento da extrema-direita, na tentativa de oprimir as reações da classe trabalhadora. Atualmente, tudo indica que uma nova crise econômica se aproxima, com uma guerra comercial entre EUA e China, e uma expectativa de recessão por parte das maiores economias do mundo, que já vendem suas letras do tesouro a juros negativos. Em outras palavras, os capitalistas têm tanta expectativa numa recessão, que estão dispostos a perder dinheiro na compra de títulos do governo, pois seria menos arriscado do que investir em outros setores.