O golpe segue a todo o vapor. Jair Bolsonaro, eleito de maneira fraudulenta, dará continuidade à devastação promovida por Michel Temer contra o País. Tanto no sentido econômico, entregando os recursos naturais e empresas nacionais aos capitalistas e ao imperialismo, como no sentido político e social, implementando uma caçada ao movimento popular.
Desde 2013 as organizações de esquerda vêm sendo perseguidas e atacadas por elementos de extrema-direita, com pouca ou nenhuma reação. Dezenas de sindicatos, associações e partidos, bem como acampamentos de sem terra e sem teto, eventos do movimento estudantil e manifestações populares sofreram ataques.
Com o golpe consumado e o governo na mão da direita, a repressão veio diretamente do Estado. Antes mesmo disso, a pressão da direita levou o governo Dilma Rousseff a propor e aprovar a Lei Antiterrorismo, que, já naquele momento, o Diário Causa Operária alertava que seria utilizada pela direita exatamente para criminalizar as organizações populares ligadas ao próprio PT.
E é isso o que vai acontecer no governo ilegítimo de Bolsonaro. Como uma continuidade e aprofundamento do regime golpista, no qual partidos de esquerda como o PT veem suas lideranças serem perseguidas e presas (como José Dirceu, Delúbio Soares, João Vaccari Neto e o maior líder popular do País, Lula da Silva) e sua própria estrutura partidária ser demolida aos poucos pelos incessantes ataques da Justiça, Polícia Federal, Ministério Público, Polícia Militar, etc.
Bolsonaro já afirmou veementemente, durante a campanha eleitoral, que vai jogar na ilegalidade e prender todo o movimento de esquerda do País. Disse que Lula vai apodrecer na cadeia e que o candidato do PT derrotado pela fraude, Fernando Haddad, irá fazer companhia ao ex-presidente. Também disse que vai tipificar as ações legítimas de ocupação de latifúndios e imóveis vazios realizadas pelo MST e pelo MTST como terrorismo. Em suas próprias palavras, a esquerda será exterminada.
Entretanto, boa parte da esquerda ainda acha que isso é impossível de acontecer. Acredita piamente nas instituições burguesas, controladas pela direita, que derrubaram Dilma e prenderam Lula ilegalmente. Que fraudaram as eleições. Acredita que o Judiciário golpista, o Congresso golpista, a imprensa golpista e a polícia fascista impedirão mais esse golpe fascista.
A trama, no entanto, parece estar se aproximando cada vez mais de seu clímax, e observadores mais atentos já estão começando a se preocupar e a alertar sobre isso. Esse é o caso da pesquisadora francesa Maud Chirio, que disse que os “excessos pontuais” atribuídos a Bolsonaro são, na verdade, “uma retórica recorrente a indicar que ele não aceitará a sobrevida política de uma oposição de esquerda, o que já basta para caracterizar como não democrático o regime que vai se instaurar em janeiro de 2019”.
Em entrevista ao jornal golpista Folha de S. Paulo, a estudiosa da direita brasileira foi ainda mais longe: “Para mim, no dia 3 de janeiro de 2019, o MST e o MTST serão declarados organizações terroristas. No começo de fevereiro, o PT vai ser interditado. Haverá um expurgo na administração pública, que já está em preparação. Só não vê quem não quer.”
A esquerda e o movimento popular não podem perder mais tempo acreditando nas instituições. É preciso organizar o mais rápido possível um amplo movimento de massas independente da burguesia e sem conciliação com os golpistas para enfrentar os profundos ataques da extrema-direita, que agora comanda todas as estruturas o Estado.