No auditório lotado da Faculdade de Economia, Administração, Contabilidade e Gestão de Políticas Públicas (Face), os estudantes protestaram durante as falas de Denise Imbroisi, decana de Planejamento e Orçamento da UnB e da reitora, Márcia Abrahão. Elas disseram ser necessário cortar gastos através da demissão de centenas de funcionários e aumentar em 160% o preço das refeições no Restaurante Universitário. Segundo Denise, essas medidas são necessárias para não fechar a Universidade em agosto.
O Tesouro repassou R$ 217 milhões para a UnB em 2016. Foram demitidos 350 funcionários em 2017 e ainda o valor do repasse caiu para R$ 137 milhões em 2018. E, agora mais 242 funcionários são ameaçados de desligamento.
Por conta disso, segunda-feira, dia 26, os trabalhadores da limpeza fizeram greve e se manifestaram. Maurício Rocha, do Sintfub (Sindicato dos Trabalhadores da Fundação Universidade de Brasília) explicou que essa demissão significa 55% da categoria. O sindicato conta também que, desde o segundo semestre de 2016, mais de 1500 empregados foram demitidos da Universidade. Atualmente, as categorias de copeiros, motoristas e vigilantes também sofrem ameaça de desligamento.
Gabriel Araújo, estudante de Direito relata “todos os alertas eram para falta de recursos do MEC e uma possível greve da Universidade. Se a UnB começa a demitir as categorias de base, aumenta a possibilidade de chegar aos estudantes, de cortar verba de pesquisa, de extensão”. E também fala sobre a possibilidade do preço do Restaurante Universitário subir de R$ 2,50 para R$ 6,50: “passamos o dia inteiro aqui. Depois da instituição das cotas vivemos outra realidade na UnB. É caro para o aluno”.
A cada dia o público universitário recebe a notícia de mais uma universidade prestes a fechar as portas. Lembramos de casos da UERJ, mais recente UEL, Unicentro, cortes de centenas de bolsas na Unifesp e a lista infelizmente é longa. E, pelos próprios dados orçamentários, não resta dúvida que essa “crise” está diretamente ligada ao golpe de Estado iniciado oficialmente em 2016.
O Banco Mundial já lançou e confirmou a expectativa de no último semestre de privatizar o ensino no Brasil. Esse processo já tinha começado com a PEC 55, do congelamento de gastos por 20 anos. As universidades, desde então, foram abandonadas, assim como todo o serviço público, para fechar e reabrir através da iniciativa privada.
A privatização em todos os setores aumentará profundamente os gastos da população, assim como o caso da previdência, que torna a aposentadoria inviável para a maior parte dos brasileiros, serviço de saúde e educação também passarão pelo mesmo processo, e apenas uma parte dos brasileiros terão acesso a esses serviços, que tendem a ser bastante caros.
Os estudantes de todas as universidades precisam organizar greves e ocupações, juntamente com os funcionários, para mirar na derrubada do golpe, que é a raiz que afeta a todos. A situação da UnB mostra que é urgente formar comitês estudantis de luta contra o golpe.