A politica de consolidação do golpe e de aprofundamento dos ataques contra os trabalhadores teve no processo sucessório de 2018 um capitulo fundamental. Através de uma manipulação sem precedentes, através de uma série de recursos, entre os quais a fraude pura e simples, o cancelamento de títulos eleitorais, a insidiosa intervenção da imprensa golpista, entre muitos outros expedientes, a direita impôs uma grande farsa para dar aparência de legitimidade e legalidade ao regime golpista.
O ponto crucial dessa operação golpista para fraudar a vontade popular foi o impedimento, através de uma farsa judicial, da candidatura do ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva, que liderava todas as sondagens eleitorais com ampla margem. Podemos afirmar que a condenação de Lula através da operação Lava Jato pelo juiz Sergio Moro, agora indicado ministro do governo Bolsonaro, tinha como finalidade estratégica impedir a vitória do PT nas eleições de 2018.
O governo Bolsonaro não foi escolhido pelo povo, mas foi imposto pelos golpistas, isso é uma apreensão objetiva dos resultados das eleições. Neste sentido, é uma profunda capitulação da esquerda reconhecer a vitória de Bolsonaro. Ressaltando ainda que a coligação de Haddad entrou /lkcom recurso pedindo a impugnação no TSE, com base nas evidências caixa dois no episódio do aplicativo, denunciado pela Folha de São Paulo, entretanto logo após o resultado eleitoral, o candidato do PT, pressionado pela Globo, sancionou o resultado fraudado, questionado juridicamente pelo próprio PT.
Após a divulgação das eleições fraudadas, praticamente toda esquerda pequeno burguesa ( PSOL,PSTU) e a direita do PT apressaram-se em reconhecer a “ vitória eleitoral” de Bolsonaro. O candidato do PSOL à presidência, Guilherme Boulos, em ato na Av. Paulista afirmou que como “bom democrata” e como “ não era Aécio, reconhecia o resultado eleitoral”, esqueceu de mencionar que as eleições 2018 foram realizadas no marco de um golpe de Estado. Por sua vez, Haddad desejou “ sorte” para seu oponente, classificado pela sua campanha como a representação da “ barbárie” e do “fascismo”
Por que a critica a essas declarações tem relevância para a política a ser adotada no movimento docente na luta contra Bolsonaro ?
Em primeiro lugar, uma compreensão adequada sobre a natureza e o significado da vitória dos golpistas, através da fraude que levou Bolsonaro a Presidência da República é fundamental para preparar a luta contra os ataques, que já estão se intensificando contra os direitos dos trabalhadores e contra o povo, destacando-se a perseguição aos docentes.
Além disso, as posições das direções sindicais do movimento docente na sua quase totalidade nas universidades, apesar dos discursos sobre “ resistência” e defesa da “ democracia” expressam a política geral de prostração da esquerda diante do golpe e dos bolsonaristas. Tanto nos sindicatos do Proifes quanto em praticamente todas as seções sindicais do Andes à tônica é a aceitação resignada da vitória da fraude eleitoral dos golpistas.
Tanto a diretoria do Andes quanto o Proifes fazem “ criticas” e “ discursos” contra Bolsonaro, mas de fato adotam o lema da esquerda capituladora de que precisamos aceitar o resultado da fraude e de que o “ povo apoia Bolsonaro”.
O Proifes, uma entidade sem representatividade, tão somente um aparato sindical burocrático, em reunião de representantes nos dias 15 e 16 de novembro não indica nenhuma mobilização contra Bolsonaro, apenas pela enésima vez repete abstrações como “defesa da Universidade Pública e do Estado Democrático de Direito”. Assim diante do feroz ataques da direita através da “ escola sem partido”, o CD do Proifes, tem como “ solução” a publicação de uma cartilha, segundo diretora de Comunicação do PROIFES, a professora Gilka Pimentel (ADURN-Sindicato). “Fomos bastante incisivos nos debates das ações prioritárias da entidade, dentre elas destaca-se a construção de uma cartilha que que oriente o professor sobre eventuais assédios, agressões e ameaças que possam vir por parte desse momento de controle, de mordaça que está em torno da atividade docente nas instituições de ensino.” (http://www.proifes.org.br/noticias-proifes/cd-do-proifes-define-bandeiras-de-defesa-da-universidade-publica-e-do-estado-democratico-de-direito).
Por sua vez, a diretoria do Andes, por sinal, é sempre importante lembrar que acompanhou caninamente as posições golpistas da CSP/PSTU nunca reconheceu o golpe de Estado de 2016 , recusando-se a lutar contra a direita. No documento “Ações do ANDES-SN diante da conjuntura – unificar para resistir”, a diretoria do Andes, mais uma vez, demostra uma total subserviência aos golpistas, reconhece o “voto popular” dado a Bolsonaro . “A conjuntura se acirrou. A eleição, pelo voto direto, de um projeto de país que tem como base a privatização, a terceirização e o desmonte dos serviços públicos está trazendo uma série de ataques aos direitos da classe trabalhadora. Entre esses ataques, se destacam aqueles contra as universidades públicas.” ( site Andes).
Observe que na avaliação política do resultado eleitoral, a diretoria do Andes indica que através do “ voto direto” um projeto de ataques contra os direitos dos trabalhadores foi escolhido pelo “ povo”. Isso significa que a diretoria do Andes é avalista política da fraude e mais uma vez ajuda a direita golpista.
De um ponto de vista da mobilização, a política de passividade, predominante na esquerda e nas direções sindicais ( Andes e Proifes) diante desses ataques, em geral somente notas ou declarações, tem representado um estimulo para o aumento dos ataques da extrema direita.
È preciso colocar a luta pelo Fora Bolsonaro de uma maneira aberta para se contrapor a ofensiva da direita. Além disso, é preciso impulsionar os comitês de luta e auto-defesa , como instrumentos para a defesa das universidades públicas e da comunidade universitária. Urgente uma ampla campanha contra a direita, através da proliferação de comitês de luta contra o golpe e contra os fascistas, levantando a bandeira de Liberdade para Lula.
Notem que a verdadeira medida de luta, ou seja a construção de comitês pela base, a diretoria do Andes não estimula, pois efetivamente não existe ação de luta por parte de uma diretoria ( PSOL/PCB) , que se omitiu da luta contra o golpe, justificando essa conduta inerme, com um discurso insanamente anti-petista, uma versão “esquerdista” do bolsonarismo nas universidades.
O Andes-SN, Fasubra, Sinasefe e Fenet estão convocando mobilizações nos dias 4 e 5 de dezembro é fundamental impulsionar uma luta conjunta nas universidades. É necessário a construção de uma frente de luta que coloque em movimento uma mobilização contra os fascistas da “ escola sem partido”, pelo Fora Bolsonaro e todos os golpistas; pela Liberdade para Lula e como método de luta a formação e fortalecimento dos comitês de Luta.