Da redação – Em entrevista para o canal 180 Graus, o ex-ministro petista José Dirceu denunciou o uso político do chamado “combate à corrupção” e a tendência do regime político brasileiro de evoluir para uma ditadura do Judiciário.
José Dirceu, que é uma das principais lideranças do Partido dos Trabalhadores, vem sendo perseguido pelo sistema Judiciário através da operação golpista “Lava Jato”, que o condenou sem provas a mais de 30 anos de prisão. Dirceu é acusado de corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa num processo grotesco que atropelou completamente seu direito de ampla de defesa e o colocou na prisão sem que houvessem provas de seus supostos crimes.
Diferentemente do conjunto da esquerda pequeno-burguesa, Dirceu demonstra ter posições muito mais realistas a respeito do avanço do golpe de Estado no Brasil e do uso político das instituições do Judiciário como ferramentas da perseguição política.
O próprio Dirceu, na condição de preso político, assumiu posições muito mais a esquerda em relação as operações contra corrupção do que o próprio PT e segundo ele a política correta para tratar a questão do Judiciário golpista seria “tirar todos os poderes do Supremo e ser só Corte Constitucional. O Judiciário não é um poder da República. Nossa Constituição estabeleceu três poderes, mas só existem dois poderes – dos eleitos, que têm soberania popular, do Legislativo e do Executivo. O Judiciário é um órgão (…). Estamos caminhando para uma ditadura do Judiciário”.
Como bem denuncia Dirceu, o que ocorre no Brasil é uma concentração de poder cada vez maior nas mãos do poder mais antidemocrático: o Judiciário. O Judiciário, pelo fato de ser o único dos três poderes que não é eleito, fica completamente nas mãos da burguesia, que tem ampla margem para chantagear os juízes para que eles utilizem as leis para perseguir politicamente os inimigos do Golpe. Por isso, a esquerda e o movimento operário de conjunto, devem se opor totalmente à operação Lava Jato e a qualquer operação de suposto “combate a corrupção”, pois o único interesse dessas operações é perseguir as organizações da classe operária e os dirigentes do movimento operário. O exemplo mais claro disso é a prisão ilegal e sem provas do líder mais popular do país, o ex-presidente Lula, que já está há mais de 170 dias preso de maneira absolutamente arbitrária.
Lutar contra o golpe no Brasil significa lutar também pelo fim da operação golpista Lava Jato e pela liberdade de todos os presos políticos.