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General Al Sisi, leve a esquerda eleitoreira do Brasil com você para o Egito

Em março, a ditadura militar do Egito realizou eleições para que o povo “escolhesse” como presidente o ditador e general Abdul Fatah Al Sisi. O general tem um desempenho eleitoral invejável. Nem mesmo Luiz Inácio Lula da Silva consegue uma porcentagem tão grande nas eleições, depois de deixar a presidência em 2010 com mais de 85% de aprovação. Al Sisi ficou com 97% dos votos, contra 3% do único adversário que conseguiu participar do processo eleitoral, Moussa Mostafa Moussa.

 

A derrota eleitoral de Al Sisi

No entanto, infelizmente para Al Sisi, menos gente participou das eleições de março no Egito, proporcionalmente, do que na eleição para a prefeitura de São Paulo em 2016. Ninguém votou. O Egito tem uma população enorme, de 95 milhões de habitantes. Nas eleições são 59 milhões de eleitores registrados. Mas apenas 24 milhões foram votar em março. Três quartos do país não participaram da “escolha” de Al Sisi. Mais da metade dos eleitores registrados.

De certo modo, Al Sisi perdeu as eleições. Não existia a menor possibilidade de que algum partido de oposição vencesse. Nesse sentido, a vitória eleitoral estava garantida. Porém o objetivo da ditadura nas eleições era demonstrar que tem apoio e legitimidade. Para isso, a ditadura se esforçou para alcançar um comparecimento alto às urnas, com uma série de medidas para aumentar o número de votantes.

 

Eleições fraudulentas e golpistas

As urnas ficaram abertas durante três dias, de 26 a 28 de março. Empresas privadas e públicas incentivaram seus funcionários a votarem, dinheiro foi distribuído em uma aberta compra de votos, verbas adicionais foram oferecidas para regiões que tivessem uma participação alta, houve ameaça de multas contra quem não votasse e, como se tudo isso não fosse suficiente, policiais foram mandados de casa em casa para incentivar os eleitores a participarem.

Apesar de tudo isso, a ditadura não conseguiu superar os 40% de votantes. Al Sisi, com todos esses procedimentos fraudulentos, conseguiu 97% de votos em um universo de 40% dos eleitores, descontado o 1,7 milhão de votos nulos, que superaram o segundo colocado em mais de um milhão. As eleições, portanto, não ajudam a ditadura a vender-se como legítima ou popular. Ficou mais uma vez escancarado, como em 2014, que o governo dos militares só consegue se impor graças à força bruta.

 

Oposição encarcerada e massacrada

A oposição foi esmagada depois do golpe militar de julho de 2013, que o saudoso PSTU chamava de “revolução”. Ninguém conseguiu sequer apresentar candidaturas em 2014 ou em 2018. Como em março, as eleições de 2014 tiveram um único opositor, para fazer figuração e ajudar na encenação de que de fato estariam acontecendo verdadeiras eleições. O resultado foi parecido e o comparecimento às urnas foi um pouco maior do que em março, mas também menor do que os militares gostariam: 47%.

O único presidente efetivamente eleito do país, Mohamed Morsi, do Partido da Liberdade e da Justiça, braço político da Irmandade Muçulmana, está na cadeia. A própria Irmandade Muçulmana foi colocada na ilegalidade e é considerada uma “organização terrorista” pelo governo. Nas semanas seguintes ao golpe militar, seus membros foram massacrados às centenas por ruas e praças do país, em um grande banho de sangue. A saúde do ex-presidente está se deteriorando na masmorra em que o regime o trancafiou, sem os devidos cuidados médicos de que Morsi necessita.

 

Uma sugestão para o general Al Sisi

Apesar de a oposição organizada em torno de uma política própria ter sido destruída, as eleições deram ao povo egípcio uma maneira de expressar silenciosamente sua rejeição ao governo dos militares. A contagem dos votos impediu o regime de utilizar o resultado para propagandear uma popularidade e uma legitimidade que não existem com a eficiência que os militares gostariam. Nem comprando votos e ameaçando multar os cidadãos conseguiram obrigar a maioria a colocar um voto na urna.

Talvez Al Sisi não tenha tentado a manobra mais poderosa para convencer um número maior de pessoas a participar da farsa eleitoral. O general poderia importar para o Egito parte da esquerda brasileira. Por aqui também houve um golpe. Por aqui o ex-presidente também está atrás das grades. Contudo, há figuras de esquerda dispostas a fingir que estão acontecendo eleições. Leve-os para o Egito, Al Sisi!

Eles vão a debates eleitorais sem Lula como se fossem genuínos debates eleitorais. E apresentam propostas a sério, como se houvesse um embate de propostas que se resolveria por meio do sufrágio universal. E o melhor de tudo para os golpistas daqui: não têm popularidade nem votos suficientes para superar o controle das eleições exercido pela direita.

Tais adversários seriam perfeitos para o general Al Sisi. Perderiam as eleições e, todos unidos, ajudariam o ditador, com sorte, a fazer com que pelo menos 50% dos egípcios participassem da fraude. Para os brasileiros, também seria vantajoso. Com exceção de nossos próprios Al Sisis.

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