É preciso organizar os professores para acabar com a “caça às bruxas” que está sendo implementada nas escolas por parte da extrema-direita, a partir da campanha em favor da imposição do projeto fascista Escola Sem Partido, antes mesmo que ele seja aprovado em muitos lugares.
Professores estão sendo ameaçados, agredidos, vigiados e inclusive demitidos das escolas por terem um posicionamento político progressista.
Na Escola Liceu Jardim, em Santo André, na região metropolitana de São Paulo, uma professora de História foi perseguida por pais de alunos, que pressionaram a direção da instituição para que ela fosse demitida. A direção acatou a pressão e demitiu a docente.
Em entrevista ao site da CUT São Paulo, Juliana de Oliveira Lopes, a vítima da perseguição em Santo André, disse que sempre evitou manifestar seu voto em sala de aula, mas seus alunos insistiram em saber sua opinião sobre a atual situação política do País. Então, ela falou que não votaria em Bolsonaro devido à sua política de ataques a grupos como mulheres, negros, LGBTs e indígenas.
Os pais dos alunos ficaram sabendo e monitoraram as redes sociais da professora. Foram pressionar a direção da escola, como já vinham fazendo ao longo do ano, sempre afirmando que os professores estariam “doutrinando seus filhos a serem comunistas” e exigindo que a escola adote o Escola Sem Partido.
Este caso é emblemático da onda de censura à liberdade de expressão e de cátedra e também à perseguição à esquerda nos locais de ensino. Especialmente a partir das eleições, diversas escolas e universidades vêm sendo pichadas e atacadas por grupos fascistas que tentam intimidar e agredir alunos e professores de esquerda, mulheres, LGBTs, negros, etc.
A perseguição desenfreada aos professores tem recebido crescente apoio de políticos da extrema-direita bolsonaristas recém-eleitos pela fraude eleitoral. O caso de maior destaque é o da deputada estadual eleita em Santa Catarina, Ana Caroline Campagnolo (PSL). Sua campanha teve como um dos principais pontos a Escola Sem Partido. Quando Jair Bolsonaro venceu, de maneira fraudulenta, as eleições, ela divulgou um anúncio pedindo a seus seguidores filmarem professores em sala de aula que fossem críticos ao fascista, e enviassem os vídeos e informações pessoais dos docentes para que grupos fascistas pudessem intimidá-los.
Não se pode deixar que uma campanha abertamente fascista como essa tome conta das escolas e demais instituições de ensino no Brasil. É preciso expulsar os fascistas das escolas. Eles são inimigos dos professores e do movimento estudantil, defendem claramente a privatização do ensino, a censura e uma educação reacionária, contra uma verdadeira educação.
Os professores precisam se organizar para combatê-los. Diante disso, a corrente sindical Educadores em Luta, do Partido da Causa Operária (PCO), criou um comitê de solidariedade para apoiar todos os professores perseguidos pela extrema-direita nas instituições de ensino. O número de contato da rede de solidariedade é (11) 97244-6304. Quando houver um ataque ao docente, ele deverá entrar em contato, e um representante do comitê organizará o apoio solidário direto na instituição em que a vítima trabalha, a fim de realizar um ato com outros professores, estudantes, trabalhadores, em apoio ao companheiro, enfrentar e expulsar da instituição os fascistas que censuraram e buscam aterrorizar os professores.
A categoria docente é uma das maiores e mais combativas do movimento sindical brasileiro. Os professores costumam realizar algumas das mais combativas greves do País, com consciência de sua força. Já existe uma importante organização da categoria, que é uma das maiores do Brasil com diversos sindicatos. Além disso, a Apeoesp, dos professores estaduais de São Paulo, é um dos maiores sindicatos da América Latina. Ou seja, a categoria dos professores é muito forte e tem plenas condições de levar adiante essa campanha de defesa de seus interesses contra a extrema-direita e derrotar a perseguição política.
Em cada sindicato, os professores devem organizar uma central de informações para receber denúncias da perseguição fascista, e criar comitês para destruir a provocação da direita. Os professores devem ser solidários uns com os outros, são companheiros trabalhadores que sofrem os mesmos problemas e dificuldades, por isso a solidariedade classista, no sentido de defender a coletividade da categoria.
É necessário expulsar os fascistas das instituições de ensino e colocar um fim na “caça às bruxas” que estão realizando. A escola é local de organização popular, a escola é do povo, dos professores e estudantes. Não da direita.