Neste dia 04 de junho, o Tribunal de Justiça do Pará negou por unanimidade o pedido de habeas corpus impetrado a favor do Padre José Amaro Lopes Souza, da Comissão Pastoral da Terra (CPT), mantendo-o preso sem nenhuma prova ou indício que tenha cometido crime algum.
Entidades de esquerda e de apoio a luta pela terra denunciam que padre Amaro vem sofrendo perseguição política e alvo de uma enorme campanha de calúnias que põe em contradição a própria polícia e a justiça golpista do Pará. A policial civil e o ministério público acusam o padre de suposto assédio sexual, constrangimento ilegal e ameaça, sendo todos sem nenhuma prova ou indício de que tenha cometido. É importante lembrar é que todas as acusações vêm de latifundiários e suas associações.
Uma informação apresentada pela CPT e que chama bastante atenção é que o delegado da polícia civil Luciano Albano Fernandes que vem dando declarações públicas acusando Amaro e tentando ligá-lo a morte de latifundiário da região, está ligada a grilagem de terras em Anapu e tem uma fazenda em seu nome sendo questionada pelo Incra.
Somente essas informações já bastariam para ver como a justiça e a polícia está intimamente ligada com os latifundiários da região e a grilagem de terra para perseguir os militantes da reforma agrária. Mas na semana anterior, o ministro do Supremo Tribunal Federal Marco Aurélio de Mello, havia concedido o habeas corpus a Regivaldo Pereira Galvão, o “Taradão”, condenado em segunda instância como mandante do assassinato da Irmã Dorothy Stang, em 2005 no mesmo município de Anapu, no Pará.
Apesar de escancarar o apoio da justiça e da polícia, não deixa chocado quem acompanha a luta pela terra. Os crimes estão cada vez mais violentos e números cada vez maiores nesses últimos anos, conforme os dados da CPT apresentados nessa semana, pois o judiciário e as forças de repressão estão apoiando abertamente e dando cobertura para os latifundiários e pistoleiros que fazer as maiores barbaridades contra sem-terra, posseiros, indígenas e quilombolas.
O estado do Pará é um dos que esse apoio é mais evidente, pois está controlado pelo golpista do PSDB Simão Jatene, que coloca as forças policiais para atuarem como pistoleiros dos latifundiários, como foram vistos em muitos crimes e, principalmente na chacina de Pau d`Arco.
O que está claro é que a justiça tem lado. A justiça golpista está aí para perseguir os militantes de movimentos sociais e políticos que representam o povo e utilizam a arbitrariedade para isso.
No mesmo município em que latifundiários assassinaram a missionário Dorothy Stang, com provas etc e que representam perigo para as famílias sem-terra e testemunhas, podem ser soltos. Já militantes da reforma agrária que denunciam a grilagem de terras, violência contra as famílias e dão apoio aos movimentos sociais, há perseguição, calúnias e arbitrariedades.
Podemos citar diversos casos em que o judiciário libertou assassinos de sem-terra contratados pelo latifúndio e perseguiu lideranças e famílias sem-terra. A máxima do judiciário é a frase “aos amigos, tudo, aos inimigos, a lei”. O judiciário e o governo golpista são os verdadeiros responsáveis da situação de extrema violência contra os trabalhadores sem-terra no Pará e da perseguição as suas lideranças.