A polarização política é um deslocamento para os extremos da situação política, antes sob domínio de setores fundamentais da burguesia, que conseguiram estabelecer um equilíbrio político. Então, dizer que há uma polarização significa dizer que o centro está desmoronando gradativamente, até perder seu poder de atração.
Deixemos claro, no entanto, que não há uma isonomia dentro da polarização. Antes, ela implica a existência de um polo ativo e outro passivo. O polo ativo é o da mobilização popular, que, ao desenvolver-se, esvazia os partidos de centro e se faz a situação se deslocar para a esquerda. O polo passivo seria aquele que se organiza à medida em que a população se mobiliza. Esse polo é a extrema-direita.
Entendemos, assim, que a polarização é sempre um movimento das massas à esquerda, por isso é um movimento revolucionário, quando se desenvolve plenamente. Em resposta a esse movimento, a burguesia organiza o lado oposto, que é um polo bem mais artificial do que o esquerdo.
É nesse sentido que entendemos a polarização não como uma coisa ruim, como a apresentam a direita e alguns partidos da esquerda pequeno-burguesa. A polarização política descreve esse movimento da população em resposta aos ataques da direita às suas condições de vida e que leva ao desmoronamento do centro político. Acontece que esse movimento se dá sempre para a esquerda e a extrema-direita, devemos repetir, reage a esse movimento para impedir que se desenvolva ao ponto de a revolução ter lugar.
Esse foi um dos temas tratados na Análise Política da Semana do dia 18 de agosto de 2018, por Rui Costa Pimenta. Abaixo Seguem os links o áudio (Rádio Causa Operária) e para o vídeo (TV Causa Operária), com a transcrição dos trechos sobre a Polarização Política:
https://soundcloud.com/radiocausaoperaria/4-a-polarizac-a-o-poli-tica-e?in=radiocausaoperaria/sets/momentos-da-analise-politica-4
Transcrição:
“Vários candidatos têm chamado a atenção para um fenômeno decisivo que está por trás desse problema da candidatura do Lula que é a Polarização Política. Uma coisa interessante é que a expressão polarização política, que é muito usada por nós, ela está na boca de toda a direita, não da esquerda. O radar da esquerda não conseguiu registrar o problema da polarização política, mas a direita sim conseguiu registrar. Ciro Gomes falou que tinha que acabar com a polarização política, os grandes jornais todos falaram que precisava acabar com a polarização política, o Alckmin declarou, como candidato, que ele é o candidato para acabar com a polarização política e tudo mais.
A polarização política, como nós sabemos, ou seja, o fato de que a sociedade acaba sendo atraída do centro político para os polos extremos é um fenômeno de características revolucionárias, se ele se desenvolve plenamente, e nós temos que acrescentar, como temos assinalado também de maneira muito sistemática, e a burguesia consciente disso, que a polarização política, na realidade, não é um simples movimento de iguais proporções para os dois lados. A polarização política, a origem dela, na verdade, é o crescimento do polo esquerdo que obriga o polo direito a se organizar para fazer frente a esse crescimento da esquerda.
O que é esse crescimento do polo esquerdo? Um deslocamento de forças, e da população em geral, para a esquerda, que é o que está acontecendo e que se expressa, se reflete, na candidatura do Lula.
E esse é o fenômeno predominante no momento. Nós temos aí, então, a questão central, uma situação em que a relação de forças torna-se cada vez mais favorável para a esquerda e, portanto, é uma questão fundamental definir a política que deve guiar a luta nessas condições.”