Há exatos 96 anos, o principal líder do Partido Nacional Fascista da Itália, Benito Mussolini, torna-se primeiro ministro italiano. A Itália era governada pelo rei Vitor Emanuel III, este chama Mussolini a compor o governo após os fascistas organizarem a chamada Marcha sobre Roma, no dia 29 de outubro de 1922, uma passeata 50 mil camisas negras, apoiadores de Mussolini e do fascismo, que chegam até a capital italiana para pressionar o rei a abrir caminho para a extrema direita.
A chegada de Mussolini ao cargo de primeiro-ministro é o início do golpe de Estado fascista na Itália. Golpe este que ocorre por dentro das instituições do governo e do estado italiano. Em 1924, por exemplo, são realizadas eleições para o parlamento italiano, as eleições são marcadas pela fraude e pela violência dos grupos fascistas contra a oposição, principalmente contra os partidos de esquerda. Por denunciar, por exemplo, a perseguição e a fraude eleitoral, uma das principais lideranças da esquerda italiana na época, o político socialista Giacomo Mateotti, foi assassinado pelas milícias fascistas.
A chegada de Mussolini ao poder na Itália é muito semelhante ao atual contexto brasileiro. Tal como na Itália da década de 1920, a extrema direita foi impulsionada e ganhou força por meio de um golpe de Estado. O golpe aqui ocorreu em 2016, com o impeachment da presidenta Dilma Rousseff. Nas passeatas de rua favoráveis ao golpe contra Dilma, os principais setores eram compostos por elementos da extrema-direita, na época, tais grupos já levantavam a bandeira em defesa da intervenção militar e da perseguição à esquerda.
De lá para cá, a extrema direita se fortaleceu por dentro do regime golpista, com a subida dos militares aos cargos do governo, a intervenção do exército em várias regiões do país, a prisão de Lula, o recrudescimento das leis contra a população, etc. A consequência desse processo foi a “eleição” de um elemento representante deste setor, o ex-deputado Jair Bolsonaro, do PSL. Assim como na Itália de 1924, para conseguir consolidar a vitória da extrema-direita, os golpistas brasileiros utilizaram da fraude e da violência aberta contra a esquerda. Impedindo sua principal liderança de participar do pleito e agindo com o próprio aparato de repressão do estado para intimidar todos aqueles que saiam às ruas para se opor à candidatura golpista.
Para que a história não se repita, é preciso organizar a população nos comitês de luta contra o golpe para reagir ao avanço da extrema direita. É preciso ter claro também que a fraude demonstra, por outro lado, que a extrema-direita não tem apoio popular. Nesse sentido, é necessário mobilizar as organizações de luta dos trabalhadores para derrotar nas ruas a extrema-direita, o fascismo e o golpe de Estado.