Vivemos na época da democracia, não existem mais ditaduras, não existem mais monarquias totalitárias, pelo menos no discurso imperialista. Os que antes usavam a suástica, hoje se chamam de “Nacional Democráticos” na Alemanha, na Ucrânia, de “Liberdade”, e, na Suécia de democratas suecos.
Não existe governo algum que não tenha cometido atrocidades contra os pobres e oprimidos e dito que isso era em nome da democracia. Estamos na época do cinismo. Estamos também na época onde menos se tem democracia, nem no auge do fascismo o mundo se tornou tão ditatorial. Pois até as ditas democracias são verdadeiras ditaduras policiais.
Hoje, em nome da tal democracia, existe censura; em nome desta mesma democracia, pessoas vão presas por divulgar conspirações governamentais, mesmo que de governos “eleitos”; hoje, em nome da luta contra a corrupção do sistema democrático, o judiciário escolhe em quem o pode votar, e quem poderá votar.
A esquerda pequeno-burguesa também nunca esteve tão antidemocrática, sua opinião sobre como deveriam funcionar as organizações de esquerda mostra isso. A pequena-burguesia introduziu na política brasileira ideias como “individualidade”, “horizontalismo”, que basicamente querem dizer que qualquer hierarquia, qualquer decisão coletiva com efeito compulsório, dentro de uma organização, é uma ditadura. Eles espumam de ódio ao ouvir falar do centralismo democrático dos comunistas.
O centralismo democrático, para os que não conhecem, é o método mais democrático de uma organização política já criado. Funciona, resumidamente, da seguinte forma: primeiro discute-se algo amplamente; quando se chega a uma decisão, por unanimidade ou por maioria, representativa ou direta, esta decisão vale para todos.
Nem terminei o parágrafo e já ouço o som dos histéricos militantes de correntes do PSOL: “Querem tirar o poder de escolha de indivíduo”, “querem criar uma casta que manda, e fazer com que todos obedeçam!” “Ditadura!”. Nada poderia estar mais longe da verdade.
Ditadura é o que ocorre nos partidos pequeno-burgueses e burgueses, onde cada um faz o que quer. Mas como pode uma ditadura, se todos fazem o que querem? Simplesmente porque quando qualquer um pode fazer o que quiser, é a lei do mais forte, quem pode mais chora menos, como diz o ditado popular.
Temos um exemplo recente: no PT, as bases partidárias defendiam a candidatura Lula, mas os governadores petistas começaram uma ampla campanha de sabotagem em favor de um plano B, cada um fez o que queria, o povo falou “Lula”, mas os donos de poderosos cargos e máquinas estatais falaram “Plano B”, e o que temos agora na eleição? O Plano B. Quem podia mais, chorou menos.
E quem sempre pode menos no mundo da política? Primeiramente, os pobres e trabalhadores, as mulheres, os jovens, negros, e todos aqueles que não têm força na sociedade capitalista, isto é, força individual.
Não existe nada mais reacionário e ditatorial do que uma organização definida na base da iniciativa e decisão, é o autoritarismo puro.
“Não existe nada mais reacionário e ditatorial do que uma organização definida na base da iniciativa e decisão, é o autoritarismo puro.”
O que fazer, então, para dar voz e poder aos que não podem falar e tomar decisões, como dar liberdade a estas pessoas? Em primeiro lugar, acabar com o império da decisão individual, e estabelecer o império da decisão coletiva.
A decisão coletiva só pode funcionar de uma maneira: se todos tiverem poder igual de voto, e se todos tiverem que aceitar as decisões da maioria, pois os trabalhadores, mulheres, jovens, negros e oprimidos são a imensa maioria, qualquer outra forma é uma forma ditatorial. Esta forma democrática é centralismo democrático
O PCO funciona pelo sistema de centralismo democrático; partidos como o PSOL funcionam pelo sistema do “horizontalismo”: é a democracia do “ninguém manda em ninguém”.
O PCO ratificou em reuniões com representantes de todos os Estados, e várias conferências nacionais, sua atual política.
O PSOL colocou Guilherme Boulos como candidato presidencial; ele nem era filiado ao partido até quatro dias antes da convenção que o elegeu candidato. Para falar bem a verdade, o homem não é do PSOL até agora.
No PSOL mandam os deputados e vereadores, os donos do dinheiro. No PCO mandam os militantes. Qual é a ditadura, o Partido operário, centralizado, hierárquico, ou partido “horizontal”?
Hoje é 1º de outubro, mês da Revolução Russa. Quando os operários russos decidiram tomar o poder, os intelectuais e vários “velhos bolcheviques”, que tinham mais poder dentro do partido da revolução, eram contra a revolução, mas Lênin, apoiado nas amplas massas partidárias, falou mais alto, e eles decidiram por tomar o poder.
O centralismo tornou isso possível, o partido agiu de forma coesa. Lembrem-se deste método, ele criou a mais importante nação da história.
O nosso é o método da revolução, pois permite que os oprimidos decidam o seu próprio destino.
No dicionário do comunista, termos como “individualidade” e “horizontalismo” têm significados funestos; “coletivo” e “centralizado” indicam o amanhã, a vitória do socialismo sobre a barbárie capitalista.