Nesta quinta-feira (03) ocorrerá um painel de discussão, promovido pela embaixada norte-americana, sobre a liberdade de imprensa com o seguinte título “DIA MUNDIAL DA LIBERDADE DE IMPRENSA:” MANTENDO O PODER SOB CONTROLE: A MÍDIA A JUSTIÇA E O ESTADO DE DIRETO”. Participará desse evento Ana Dubeux – Editora-chefe do Correio Braziliense; Fernando Paulino – Diretor da Faculdade de Comunicação na Universidade de Brasília; Gisele Rodrigues – Jornalista da Secretaria de Comunicação Social da Câmara dos Deputados; Edgard Matsuki – Jornalista da EBC e como moderador Diego Amorim – Jornalista.
O título do evento em si já vem carregado de cinismo, pois nele podemos ver três coisas que os americanos têm absoluto controle no Brasil: a imprensa, o Judiciário e o finado Estado de direito. Os dois primeiros foram essenciais para acabar com o terceiro. Mas o cinismo não para por aí, já é sabido que liberdade de imprensa para os norte-americanos é motivo de chacota, a imprensa nos Estados Unidos, assim como para a totalidade dos países imperialistas e suas periferias, é uma das peças fundamentais para o mantimento do regime burguês, sendo o órgão que molda e regula a opinião pública usando como arma notícias falsas, calúnias e omissão.
Um caso emblemático é o de Gary Webb, jornalista de investigação americano, que ao desmascarar a campanha americana na Nicarágua foi perseguido e caluniado pelos meios de comunicação americanos da época. Gary havia descoberto e provado o patronado dos contras (milícia contrarrevolucionária na Nicarágua que tinha por objetivo derrubar o governo sandinista estabelecido pela revolução de 1979, após a derrubada do ditador Anastasio Somoza Debayle) pela CIA, que financiou e alavancou a milícia implementando a venda do crack nas periferias de Los Angeles, transformando a droga numa verdadeira epidemia nos bairros pobres dos Estados Unidos. Quando o jornalista divulgou a notícia no seu jornal local, o San Jose Mercury News, sob uma série de artigos intitulados Dark Allaince (a aliança obscura), os grandes meios de comunicações começaram a divulgar uma série de calúnias sobre o autor, fazendo uma propaganda maciça contra as reportagens, acusando-as de serem sem fundamento, e com a CIA criaram uma série de provas forjadas para tentar desmentir os artigos publicados por Gary. Gary ficou enormemente desmoralizado perto do público, e o próprio redator chefe do seu jornal postou um artigo criticando sua metodologia em seguida rebaixando-o para o cargo de jornalista esportivo numa filial do jornal, Gary Webb pediu demissão em 1997, um ano depois de ter publicado seus artigos. Em 2004 foi encontrado morto, a causa teria sido “suicídio” por múltiplos tiros na cabeça.
O caso de Webb é um exemplo de como os Estados Unidos tratam a liberdade de imprensa, perseguindo seus jornalistas perseguindo-os até a morte. Por outro lado, os jornalistas que são notórios por divulgar notícias falsas, e que fazem propagando a favor do imperialismo, e contra qualquer regime que vai ao encontro da agenda imperialista, como é o caso de Yoani Sánchez, são alavancados e em volta deles se cria uma enorme peça de teatro sobre a liberdade de imprensa e luta contra a opressão.
Qualquer alegação vinda dos norte-americanos sobre liberdade de imprensa deve ser encarada como um insulto ao jornalismo e a liberdade de expressão, pois são eles os verdadeiros inimigos da liberdade sob todas as suas formas.