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Geopolítica e imperialismo

Como o NED atua para desestabilizar a China: O caso Tibet

A luta chinesa contra a fragmentação do território e um dos seus maiores inimigos, o imperialista Dalai Lama

tibet protest
Budistas utilizados por Dalai Lama, do NED, para a desestabilização da China
Protestos durante às Olimpíadas de Pequim

No primeiro artigo sobre esta série, a respeito da luta chinesa contra o imperialismo , apresentamos o modo como o National Endowment for Democracy (NED), por intermédio de uma rede de organizações do terceiro setor, realiza a propaganda anticomunista, sinófoba e pró-imperialista. No caso da China, mais de mil think tanks são consideradas “globais”, de acordo com o Global Go To Think Tank Index Report, 2020, da Universidade da Pennsylvania (que pode ser consultado no site da Think Tanks and Civil Societies Program – TTCSP, a Think Tank das Think Tanks).

Contando com uma grande rede transnacional de organizações, o NED altera a abordagem de acordo com o território que está disputando o Poder, por isso este Diário dividiu em quatro casos mais críticos: a Região Autônoma de Xinjiang; a Região Autônoma do Tibet; a Região Administrativa Especial de Hong Kong; e Taiwan.

Esses são os casos mais críticos, porém o NED tem abordagem geoestratégica para TODO o território chinês, a partir de informações sobre os principais conflitos e da coação de atores políticos, cirurgicamente pinçados e bem financiados e protegidos, como no caso do imperialista Dalai Lama, do Tibet.

‘I am a supporter of globalization’

Em 2009, o XIV Dalai Lama, um ano após a maior crise financeira do capitalismo desde o final dos anos 1920, afirmou em entrevista para Welt, da Alemanha, que apoia a Globalização, uma palavra que serve para disfarçar o Imperialismo e as intenções dos Estados Unidos ao redor do mundo, por intermédio do NED, uma organização de Estado que remunera bem Dalai Lama para causar a guerra não-convencional contra a China.

O XIV Dalai Lama é um anticomunista que herdou o trono do território do Tibet e criou a resistência pró-imperialista a partir do Chushi Gangdruk, uma milícia guerrilheira apoiada pelo governo fantoche de Chiang Kai Chek e o partido vassalo Kuomintang. O “pacifista” Dalai Lama, com apoio do Presidente dos Estados Unidos, Dwight D. Eisenhower e com uso da CIA, forneceu armas, munições e treinou Gang Chushidruk, a fim de fortalecer a guerra por procuração contra Mao Tsé Tung. Além da Gang, a CIA apoiou outros grupos de guerrilha no Colorado (EUA).

O Tibet é um território sob tentativa de ocupação do imperialismo desde 1904, quando o Reino Unido tentou retirar o reconhecimento da suserania do Tibet em relação à China. A Rússia, por sua vez, no contexto do Grande Jogo do século XIX e início do século XX, reconheceu a suserania do Tibet em relação à China, o que sucederia por décadas até os dias de hoje.

Bandeira da Guerrilha formada pelo “pacífico” 14º Dalai Lama

A situação do Tibet agravou-se com a Revolução Chinesa, quando Mao Tsé Tung estabeleceu a ocupação territorial anti-imperialista, com base nos tratados em que o Tibet era parte do território chinês, como entidade autônoma em respeito à tradição budista. Apesar da Revolução Cultural, a autonomia tibetana foi respeitada. Mesmo Dalai Lama tendo ido à Pequim estudar o marxismo, se posicionou contra a política de Mao Tsé Tung.

Inicialmente Dalai Lama utilizou o suposto estudo do marxismo, como “salvo conduto”, pois o objetivo real do XIV Dalai Lama era a espionagem para defender o território do Tibet em prol dos Estados Unidos, contra o avanço dos comunistas.

Nesse ímpeto de mobilizar o Tibet contra a China, Dalai Lama se relacionou intensamente com a CIA, de modo que o líder budista se retirou do “movimento de independência” em 1961, a fim de se desvencilhar das organizações “violentas” para promover os “valores democráticos e o amor ao próximo”. Essa seria a base de sua atuação com a CIA, isto é, uma operação de “soft power” a fim de tentar exercer a contenção à China.

Essa operação de “retirar” Dalai Lama da liderança da guerrilha não impediu a permanência da CIA nutrindo grupos guerrilheiros até 1972, quando os Estados Unidos começam a repensar suas formas de abordagem, mas o Tibet, e, consequentemente, a China, seria atacada por inúmeros grupos, como se segue:

Lista de Organizações do Tibete (cronológica) 

  • Chushi Gangdruk de 1958 
  • 1959 Escritório do Tibete, páginas do governo tibetano no exílio em várias cidades e países 
  • Associação De Mulheres Tibetanas de 1959 (TWA) 
  • 1960 Tibetan Children’s Villages (TCV) (Berçário para Crianças Refugiadas Tibetanas) 
  • Congresso da Juventude Tibetana de 1970 (TYC), rangzen 
  • Associação da Juventude Tibetana na Europa de 1970 
  • Comitê do Tibete dos EUA de 1977 (USTC) 
  • Associação de Tibetanos de 1979 na Alemanha 
  • Publicações do Leão da Neve de 1980 
  • 1984 Bay Area Friends of Tibet (BAFot) 
  • Comitê do Tibete do Canadá (CTC) de 1987 
  • Campanha livre do Tibete de 1987 
  • Campanha Internacional para o Tibete de 1988 
  • 1989 Amigos israelenses do povo tibetano (IFTIP) 
  • Iniciativa Tibete Alemanha de 1989 
  • Centro de Justiça do Tibete de 1989, Comitê Internacional de Advogados para o Tibete 
  • Teatro de Libertação Tibetana de 1990 
  • 1991 Gu-Chu-Sum , organização tibetana para ex-prisioneiros políticos 
  • Comitê de 1992 de 100 para o Tibete 
  • Fundo Milarepa de 1994 
  • 1994 Estudantes para um Tibete Livre , rangzen 
  • Rede de Educação do Tibete de 1994 (TEN) 
  • Movimento Internacional de Independência do Tibete (ITIM) de 1995 
  • Grupo de discussão do Tibete de 1995 
  • Tibet Online de 1996 
  • 1996 Tibet Times , jornal em língua tibetana 
  • Centro Tibetano de Direitos Humanos e Democracia (TCHRD) de 1996 
  • Projeto de Preservação dos Ensinamentos Tibetanos de 1996 , parte do Instituto Nitartha 
  • Rede Internacional de Apoio ao Tibete (ITSN) de 2000 
  • Associação Tibetana do Norte da Califórnia (TANC) de 2000 
  • Projeto de Foto Tibetano de 2001 
  • Tibete musical de 2003 
  • phayul.com 2004 , portal online 
  • Tibete de 2005 , Organização dos Escritores Tibetanos 
  • Voz do Tibete de 2006, estação de rádio 
  • 2008 Independent Tibet Network , tibettruth.com, parte de uma comunidade eletrônica 

Outros 

  • Conselho do Tibet da Austrália (ATC) 
  • FRANÇA-TIBET 
  • Amigos de Los Angeles do Tibet
  • Associação Nacional de Futebol Tibetano , Seleção de Futebol Tibetano 
  • Projeto Freiras Tibetanas (TNP) 
  • Projeto de Patrocínio Tibetano (Ajuda ao Tibet) 
  • Tibete Worldbridges 
  • Artistas Mundiais pelo Tibet 

Dalai Lama, o NED e o movimento “Não Vai Ter Olimpíadas”

O Dalai Lama é agente do NED e apoiador entusiástico dos Estados Unidos, tendo sido um dos primeiros a parabenizar Joe Biden pela ocupação do cargo de “XERFIFE” do planeta e da “democracia” (Presidente dos Estados Unidos).

Embora o XIV Dalai Lama tenha renunciado à Administração Central Tibetana “oficialmente” em 2011, tentando fazer novo governo fantoche, o Lama golpista continuou sendo, na prática, o chanceler do Tibet, o líder “espiritual” e o vassalo dos Estados Unidos, caminhando junto com todos os presidentes, inclusive Trump, com quem fez papel de “democrata“, estabelecendo “críticas”, mas estabelecendo acordos de gaveta.

Na ocasião de sua “renúncia” da Administração Central Tibetana, Dalai Lama declarou, ironicamente, que já o fizera desde 2001, mas atuou fortemente na tentativa de Revolução Colorida em 2008, ano das Olimpíadas de Pequim, que é o mesmo método utilizado por Guilherme Boulos, com o “Movimento Não Vai Ter Copa”, inúmeras vezes denunciado por este Diário.

File:Olympic Torch Relay London 2008 protestors.jpg
Protestos em Londres pela “independência” do Tibet

O movimento foi combatido pela República Popular da China com ajuda popular.

File:Pro-China March 2008 Calgary.jpg
Movimento contra a tentativa de revolução colorida feita pelo NED e Dalai Lama

Fica claro que Dalai Lama, além de “líder espiritual”, é um político imperialista que visa desestabilizar a China em favor dos Estados Unidos, além de sua própria vida burguesa, desvinculada concretamente de qualquer pacifismo.

Dalai Lama e o seu preferido Joe Biden

Recentemente Biden também se manifestou sobre a questão tibetana. Para os Estados Unidos há um esforço chinês para impor um sucessor escolhido pelo governo do Panchen Lama há 25 anos, “um abuso ultrajante da liberdade religiosa“.

O governo Joe Biden deixou claro que continuará pressionando o regime chinês xi jinping sobre a sucessão de Dalai Lama e o Tibete. (AP)
O governo Joe Biden deixou claro que continuará pressionando o regime chinês Xi Jinping sobre a sucessão de Dalai Lama e o Tibete. (AP). Atualizado em 10 de Março de 2021

“Acreditamos que o governo chinês não deve ter nenhum papel no processo de sucessão do Dalai Lama”, disse o porta-voz do Departamento de Estado, Ned Price. Price “lembrou da interferência” de Pequim na sucessão do Panchen Lama há mais de 25 anos e chamou o esforço chinês para impor ao seu sucessor “um abuso ultrajante da liberdade religiosa”.

O golpismo do NED, com diversas organizações receberam quantia significativa para instituições do Terceiro Setor e imprensa, TODAS vinculadas ao líder “espiritual”. Trata-se, portanto, de uma abordagem vinculada ao identitarismo religioso para combater a China, o maior obstáculo ao imperialismo atualmente, juntamente com a Rússia.

Enfim, não importa se o líder é “espiritual” ou um duro ditador saudita, é fundamental analisar suas relações políticas. Fica a lição aos brasileiros e olhos abertos à Guilherme Boulos.

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