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Roberto França

Militante do Partido da Causa Operária. Professor de Geografia da Unila. Redator e colunista do Diário Causa Operária e membro do Blog Internacionalismo.

Golpismo movido à Ópio do NED

Como o NED atua para desestabilizar a China: caso Hong Kong

Todos os países que não aceitam o golpe do NED são considerados “ditaduras” pela “comunidade internacional”

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Manifestantes em Hong Kong: Imagens de fontes abertas/Reprodução

Esta é a quarta e última parte de uma série “Como o NED atua para desestabilizar a República Popular da China (RPC)”. Na primeira parte abordamos o caso da Região Autônoma de Xinjiang, na segunda parte abordamos o caso da Região Autônoma do Tibet, na terceira parte, o caso de Taiwan. Antes de iniciarmos, sugiro ao leitor que queira acompanhar esta pesquisa a fundo, que clique em todos os links, pois trarão a dimensão concreta de como o imperialismo utiliza amplamente a guerra não-convencional a todo momento.

Nesta quarta parte, abordaremos a questão Hong Kong, com uma alteração necessária no nome, a fim de provocar o leitor compreender a dissimulação na arte de dominação imperialista e do uso do dinheiro.

Hong Kong é o território mais utilizado pela imprensa brasileira para atacar a China e o exemplo mais emblemático e semelhante ao que ocorreu no Brasil (este link é elemento que leva a compreender a relação de Hong Kong, o uso de ONGs, Partidos de Direita e Esquerda, e principalmente imprensa). Em termos de conflito bélico é a situação com menor risco para a RPC, porém, o caso mais emblemático de uso de mudança de regime pelo que se convencionou chamar de “revolução de cores” (Andrew Korybko, 2015).

Korybko explicando o método da queda de Dilma Roussef, método com as mesmas características de Hong Kong

O objetivo deste Diário também não é requentar notícia (conforme denunciado sistematicamente pela China no elementar artigo da CGTN contendo quantias recebidas e atores políticos), mas, denunciar elementos para que os trabalhadores que se relacionam com a abordagem adaptativa da CIA, a partir do NED, seu órgão para “Soft Power” (Poder Suave, “sem armas de fogo”). No artigo de James James Phillips, escrito em 1993 (10 anos após a criação do NED), o pesquisador sênior para assuntos do Oriente Médio da Heritage Foundation, fundação ultraconservadora criada 10 anos antes do NED, e precursora do movimento conservador que levou Ronald Reagan à Presidência dos Estados Unidos, e criadora do modelo de abordagem adaptativa para mudança de regime, há uma demonstração clara e objetiva do propósito das ONGs. No artigo intitulado “A Doação Nacional pela Democracia: uma arma importante na Guerra das Ideias”. De acordo com Philips “O NED desempenhou um papel vital no fornecimento de ajuda aos movimentos democráticos na antiga União Soviética, Europa Oriental, China, Cuba, Irã, Iraque, Nicarágua, Vietnã e em outros lugares. Ele enviou especialistas para ajudar as democracias emergentes a montar os blocos de construção necessários para sustentar um sistema democrático estável: partidos políticos representativos, uma economia de mercado livre, sindicatos independentes e uma imprensa livre. Conselheiros filiados ao NED ajudam a formular leis eleitorais, treinar trabalhadores de pesquisas, monitorar eleições e ensinar ativistas a construir partidos políticos.” (Leitura fundamental).

James Phillips, um pesquisador da ultracoservadora fundação Heritage, escrever um artigo em 1993 (10 anos após a criação do NED), o pesquisador sênior para assuntos do Oriente Médio da Heritage Foundation, desta fundação precursora do NED, e precursora do movimento conservador que levou Ronald Reagan à Presidência dos Estados Unidos, e criadora do modelo de abordagem adaptativa para mudança de regime, há uma demonstração clara e objetiva do propósito das ONGs. No artigo intitulado “A Doação Nacional pela Democracia: uma arma importante na Guerra das Ideias”. De acordo com Philips “O NED desempenhou um papel vital no fornecimento de ajuda aos movimentos democráticos na antiga União Soviética, Europa Oriental, China, Cuba, Irã, Iraque, Nicarágua, Vietnã e em outros lugares. Ele enviou especialistas para ajudar as democracias emergentes a montar os blocos de construção necessários para sustentar um sistema democrático estável: partidos políticos representativos, uma economia de mercado livre, sindicatos independentes e uma imprensa livre. Conselheiros filiados ao NED ajudam a formular leis eleitorais, treinar trabalhadores de pesquisas, monitorar eleições e ensinar ativistas a construir partidos políticos.” (Leitura fundamental).Embora a Heritage diga que é uma instituição “sem fins lucrativos”, afirma: “O NED é um veículo econômico para promover a democracia. Financiar o NED é um investimento prudente porque é muito menos caro ajudar democratas amigáveis do que defender contra ditaduras hostis. Dar ao NED US$ 50 milhões de “capital de risco” democrático poderia evitar a necessidade de gastar bilhões de dólares em defesa no futuro, se a Rússia voltasse a uma ditadura hostil, por exemplo. A ajuda do NED às organizações de base também é econômica em comparação com a ajuda do governo para o governo, que muitas vezes é desviada por burocratas estrangeiros ou americanos. A baixa sobrecarga do NED, na verdade, colocou a agência em apuros com o Escritório Geral de Contabilidade (GAO), que emitiu um relatório de 1991 criticando o monitoramento de subsídios da NED, procedimentos de supervisão e controles financeiros. As reformas processuais subsequentes do NED levaram o GAO em 1992 a fazer uma avaliação positiva das reformas de planejamento e avaliação do NED”.

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Tela do site da Heritage, precursora da NED

Como bem aponta Keith Lamb “Em Hong Kong, o NED continua sua cruzada global para trabalhar contra qualquer oposição que possa desafiar o domínio global dos EUA. O sucesso no desenvolvimento da China tirou centenas de milhões da pobreza e levou a uma crescente proeza tecnológica. O modelo chinês fornece um exemplo para o mundo em desenvolvimento sobre como escapar dos desastres causados sobre eles tanto pelo colonialismo quanto pelo neocolonialismo do consenso de Washington”. 

De acordo com Lamb “A filosofia da China não é de dominar o mundo, mas de buscar resultados em vitórias. Pequim constrói infraestrutura; não bombardeia a infraestrutura. À medida que outros países se desenvolvem, eles também se tornam mais poderosos. Maior poder para o mundo em desenvolvimento significa um mundo mais democrático. Um mundo onde os EUA têm que compartilhar poder com outros é intolerável para Washington, que vê a ascensão de outros em termos de soma zero. Consequentemente, a China foi rotulada como uma concorrente por pares a ser subjugada. A longo prazo, os EUA gostariam de dividir a China para evitar sua ascensão. Hong Kong é um peão neste jogo. No entanto, os EUA sabem muito bem que Pequim nunca permitirá que Hong Kong se torne independente (Keith Lamb, 2019).

POR QUE, HONG KONG?

Hong Kong tem o modo de vida ocidental implantado em processo longo de colonização e dominação. Sua história de golpismo contra a China vem de sua história de vínculo umbelical com uma família de traficantes judaicos chamada de David Sassoon, mais conhecida como Rotschild do Leste.

A imperialista família Sassoon se radicou e se enriqueceu na Inglaterra, posteriormente Grã-Bretanha e Império Britânico, por intermédio de uma empresa intitulada British East India Company de Rothschild, mais conhecida no século como Companhia das Índias Orientais, fundada em 1600 (ou “A Honorável Companhia das Índias Orientais”, “Companhia Comercial da Índia Oriental”, “Companhia Inglesa das Índias Orientais”). A partir do século XVIII passaria a se chamar British East India Company, e informalmente conhecida como John Company, Empresa Bahadur ou simplesmente “A Empresa”

No século XIX, após mudar de brasão familiar, para símbolo unificado inglês, “A Empresa” passaria a ter a seguinte bandeira.

Sob essa bandeira é que os Rotschild operaram o tráfico de drogas da Índia para a China, levando o poder bélico para tomar a China, forçando as famosas Guerras do Ópio, que levaram a Terra do Meio ao que os chineses consideram “O século da humilhação”. De acordo com Larry Romanoff, Hong Kong acabou sendo tomada pelos traficantes Rotschild, por ordem da Rainha Vitória, para estabelecimento de uma base para a logística (armazenamento e transporte) do comércio do ópio.

Além disso, era necessário criar um banco para lavar o dinheiro da quadrilha de traficantes Sassoon (Rotschild), fundando assim a instituição oficial para lavagem de dinheiro chamada The Hongkong and Shanghai Banking Corporation (HSBC). Este banco seria fundamental para lavar todo o dinheiro da família de mega traficantes de drogas. De acordo com Larry Romanoff, o HSBC nunca foi de uma nação, e nunca será chinês, mas, um banco da família traficante, sionista e imperialista, David Sassoon.

Esse banco operou Hong Kong impondo costumes, humilhações e perversões ao povo até levar a uma guerra civil em 1967. Os chineses do protetorado da HSBC, pertencente aos traficantes Rotschild, se rebelaram contra os europeus e estadunidenses usurpadores, que estabeleceram um regime de “apartheid” ao povo. A forma de resolver isso era com uma abertura gradual e segura, incluindo parte da elite chinesa de Hong Kong a fim de assegurar uma ampliação da mudança cultural na ilha. 

Após um período de profunda violência, a Ilha foi incorporando trabalhadores à outras indústrias como turismo, pesca e construção civil, além de organizar, a partir de 1982, com a neoliberal Margaret Thatcher, a “devolução” da combalida Hong Kong, à China, mas com condições espartanas, incluindo a necessidade da ilha não viver sob o “comunismo”. Deste modo, sabendo que uma revolução seria inevitável, organizou-se a Região Administrativa Especial de Hong Kong da RPC em 1997, com moeda própria, com a língua inglesa como um dos idiomas oficiais e sem grandes alterações institucionais, a não ser o desuso da palavra “Real”, mas com a garantia que nada além da bandeira teria a cor vermelha.

As “jornadas de 2019”: o conhecido Tiananmen 2.0

No centro de Pequim está localizada uma praça chamada Tiananmen, mais conhecida no Brasil como a Praça da Paz Celestial. Na Tiananmen houve um famoso protesto em 1989 chamado pela “comunidade internacional” de “Massacre da Praça da Paz Celestial”. O “massacre” foi tão terrível que um estudante ficou na frente dos tanques e não foi atropelado, como é possível ver na imagem abaixo.

O novo Tiananmen também é utilizado como referência para os protestos de “black blocks” de Hong Kong, pró-imperialistas, anti-chineses, profundamente racistas. Os protestos que ocorrem desde 1997, mas que se aprofundaram na última década, tendo seu ápice em 2019 e continuam de forma mais abrandada, especialmente após a CORRETA implantação da Lei de Segurança Nacional de Hong Kong, ou Lei da República Popular da China sobre a Salvaguarda da Segurança Nacional na Região Especial de Hong Kong, em 2020. 

A radical protester throws a molotov cocktail at a government building in Hong Kong on Sept. 15, 2019. Photo: The Yomiuri Shimbun

Com essa Lei é possível controle sobre a sabotagem do NED em Hong Kong. Os valores são possíveis de serem vistos no sítio do NED, e como o NDI tem proeminência, conforme descrevemos no artigo anterior publicado neste Diário. O National Democratic Institute (NDI), ou National Democratic Institute for International Affairs, é o órgão adjunto para assuntos da região Indo-Pacífico. Acima é possível observar que as ONGs não tem somente “soft”, mas tem “hard”.

O proeminente NDI recebeu US$350.000,00 para: “ampliar as vozes dos cidadãos de Hong Kong apoiando a divulgação dos resultados das pesquisas de opinião pública sobre o desenvolvimento democrático. Além disso, para aumentar a capacidade dos jovens hong kongenses de contar e compartilhar suas histórias, o Instituto apoiará o engajamento juvenil de Hong Kong através da narrativa digital sobre as experiências cotidianas dos cidadãos com participação política. O Instituto também apoiará o engajamento internacional e a defesa da reforma política e do desenvolvimento democrático de Hong Kong”.

Os protestos em Hong Kong se deterioraram a ponto de um repórter do Global Times, Fu Guohao, ter sido amarrado e espancado pelos manifestantes, em 13 de agosto de 2019. /Foto VCG

Ao contrário do que ocorre no Brasil, as ONGs que atuam no entorno chinês não profundamente anticomunistas e reacionárias. Estejamos atentos aos desejos de partidos como PCB e PSOL, este último, muito envolvido com ONGs para desestabilização do Brasil.

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