Morreu nessa terça-feira (15) o militar José Anselmo dos Santos, conhecido como Cabo Anselmo. Com 80 anos, ele estava internado em um hospital de Jundiaí (SP) por complicações por cálculo renal.
A notícia de sua morte foi divulgada na tarde de hoje.
Cabo Anselmo foi um ex-marinheiro perseguido político da ditadura que se tornou agente dos militares na década de 1970 e teria sido responsável por entregar diversos militantes clandestinos nas mãos da repressão.
Ele se exilou no México e em Cuba no final da década de 1960 e foi um dos fundadores da Vanguarda Popular Revolucionária (VPR). Voltou ao Brasil em 1970 e logo em seguida causou suspeito o fato de militantes que haviam tido contato com ele serem presos e executados.
O arquivo da Fundação Getúlio Vargas destaca também que pouco depois ele fora visto detido em instalações de órgãos de segurança em São Paulo, “o que tornava inexplicável sua aparição em liberdade dias depois”. “Ao chegar ao Chile em outubro, para reunir-se com o comando geral da VPR, Anselmo negou o fato”, lembra o portal.
O Dicionário Histórico Biográfico Brasileiro pós 1930 da FGV, publicado em 2001, ainda ressalta:
Em janeiro de 1972, voltou a ser alvo da mesma acusação, dessa vez pela Ação Libertadora Nacional (ALN). Mas foi somente em setembro, após a apresentação de um relatório de testemunhas da sua prisão em 1971, que a VPR decidiu agir, enviando um emissário para avisar os militantes que com ele atuavam que Anselmo era um policial. Dias depois, porém, os órgãos de segurança informaram sobre a morte de militantes da VPR que participavam de um congresso perto de Recife, com a exceção de um, não identificado, provavelmente o próprio Anselmo. Em fevereiro de 1973, a VPR acusou-o formalmente de haver-se tornado, após sua prisão em 1971, agente da Central Intelligence Agency (CIA). Outras fontes afirmam que ele seria um agente do Centro de Informação da Marinha, sob a supervisão da CIA, antes mesmo de 1964.
Na clandestinidade há vários anos, em 1984 a revista IstoÉ publicou uma entrevista do “cabo” Anselmo, na qual ele narrava como passara da luta armada a colaborador dos órgãos de repressão. Desaparecido desde então, só voltou a ser localizado em 1999, pela revista Época, quando confirmou a versão, que anteriormente desmentira, de que havia mudado de lado após a sua prisão, e que fora o principal responsável pelo desmantelamento da VPR e da ALN. Em 1973, como forma de protegê-lo de militantes de esquerda, foi submetido a uma cirurgia plástica e recebeu documentos falsos.