Vitória popular

Repudiar a intervenção imperialista na Nicarágua

A esquerda, os sindicatos e as organizações populares da América Latina devem repudiar a tentativa de intervenção do imperialismo mundial numa nação soberana

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O presidente Daniel Ortega (FSLN) conquistou seu 4º mandato consecutivo através do voto popular nas eleições celebradas no domingo, 7 de novembro, na Nicarágua. O Conselho Superior Eleitoral (CSE) proclamou sua vitória com 75% dos votos válidos contra 5 partidos de oposição.

O imperialismo mundial imediatamente deflagrou uma campanha pelo não reconhecimento do resultado das eleições nicaraguenses. Um bloco composto por Estados Unidos, União Europeia, Reino Unido e Espanha afirmou que as eleições foram fraudulentas e antidemocráticas. Os governos satélites do imperialismo na América Latina se posicionaram pelo não reconhecimento.

Os partidos Republicano e Democrata no Congresso aprovaram e o presidente Joe Biden sancionou, na quarta-feira, 10 de novembro, a “Lei de Fortalecimento da Adesão da Nicarágua às Condições para a Reforma Eleitoral de 2021”. Esta medida impõe sanções ao presidente Daniel Ortega e restringe empréstimos bancários ao governo. Outras medidas visam impor isolamento diplomático à nação centro-americana. Os norte-americanos justificam essas medidas em defesa da “democracia”.

É preciso repudiar a intervenção imperialista, uma tentativa de golpe de Estado, na Nicarágua. Independentemente dos problemas do governo sandinista, o fato é que se trata de uma nação soberana e um governo eleito pelo voto popular. Os problemas da Nicarágua são única e exclusivamente assunto do povo nicaraguense e o imperialismo não tem o direito de se intrometer.

Os povos têm direito à sua autodeterminação. Qualquer que seja o regime político de um país atrasado, este deve ser defendido quando entra em choque com o imperialismo. Este é um dos princípios fundamentais do trotskismo.

Um dos argumentos dos imperialistas é que Daniel Ortega prendeu opositores. Isso de fato aconteceu. Contudo, estes opositores estavam umbilicalmente ligados aos Estados Unidos, isto é, verdadeiros fantoches do imperialismo. Um governo de uma nação soberana deve permitir que agentes ligados aos interesses de uma potência estrangeira, cuja política é abertamente intervencionista, participem do seu processo eleitoral e se apoderem do governo?

O governo Daniel Ortega é um representante da tendência do nacionalismo burguês e implementa uma política de reformas sociais moderadas. Do ponto de vista político, o governo sandinista está em aliança com setores da burguesia. Não concordamos com sua política de conciliação de classes. Não obstante, ele deve ser defendido das ofensivas golpistas do imperialismo.

O sandinismo é a força política mais importante na Nicarágua e goza de amplo apoio popular. As urnas demonstraram que o povo não quer a volta da direita pró-imperialista ao poder. A experiência histórica recente do país centro-americano e os golpes de Estado na América Latina jogam luz sobre o caminho que seria seguido pela Nicarágua.

No Brasil de Jair Bolsonaro, o povo perdeu os direitos trabalhistas, previdenciários, o emprego e está correndo atrás de caminhão de lixo para pegar restos de comida. Os nicaraguenses não querem que a Nicarágua se torne um Brasil.

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