O combativo e expressivo ato realizado na Avenida Paulista, em São Paulo, no último dia 12, convocado pelo Bloco Vermelho, e as inúmeras manifestações de contrariedade dos militantes da esquerda classista, com destaque para o pronunciamento de dirigentes e ativistas do PT, deixam ainda mais evidente, o amplo repúdio à verdadeira campanha publicitária que a direita vem fazendo para pressionar no sentido de que o ex-presidente Lula tenha como vice o ex-presidente do PSDB e ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, inimigo público dos trabalhadores e das suas organizações, defensor e praticante da política neoliberal tucana de ataque aos trabalhadores em defesa dos interesses dos bancos e grandes monopólios.
PIG em campanha
O Partido da Imprensa Golpista (PIG) busca sacramentar rapidamente a união de Lula e Alckmin, apresentar como fato consumado, mesmo com Lula se desviando e afirmando que não pode decidir sobre o vice, pois ainda não é candidato.
A direita quer “unir água e óleo”, juntar o que o golpe e a luta de classes separou em dois pólos opostos e irreconciliáveis: o candidato representativo dos trabalhadores e de suas lutas, com um dos símbolos (decadentes) da reacionária e carcomida política neoliberal, amplamente repudiada pelo povo brasileiro que, por quatro vezes consecutivas derrotou o PSDB votando nos candidatos do PT e só não o fez, em 2018, justamente porque o partido presidido por Alckmin, junto com toda a direita, deu o golpe, condenou e prendeu Lula ilegalmente, e ajudou a eleger o fascista Jair Bolsonaro, para derrotar o candidato reserva do PT.
Os setores combativos não querem…
No ato da Paulista, nas reuniões e pronunciamentos de destacados dirigentes petistas e de setores de base, fica claro que a população é totalmente contra ter Alckmin como vice de Lula.
Mas não basta que a esquerda veja e lamente a ofensiva da direita para tentar controlar a candidatura de Lula e usar o prestígio do ex-presidente para “levantar defuntos”, “ressuscitar” quadros políticos da burguesia sem qualquer prestígio popular, como ficou evidente nos pouco mais de 4% dos votos obtidos por Alckmin, mesmo à frente de uma das máquinas eleitorais do País.
… e precisam lutar contra golpe…
A política do PCO e do Bloco Vermelho precisa ser difundida e ampliada. É preciso levar para as ruas, para os locais de trabalho, moradia e estudo, e para dentro das organizações dos explorados o debate não apenas sobre a composição da chapa, como também do programa de luta com o qual essas organizações vão apoiar a candidatura de Lula, o que só faz sentido se for como parte da luta pela conquista das reivindicações do povo trabalhador, contra a direita golpista e seus representantes políticos.
A candidatura de Lula é uma expressão da luta da imensa maioria do povo brasileiro contra o regime de fome e miséria que a direita aprofundou no País, a partir do golpe de Estado. Por isso mesmo, deve ser apoiada de forma incondicional. Mas também por isso, todas as questões centrais em relação à campanha, à luta para eleger Lula e derrotar a direita, são questões que dizem respeito ao conjunto das organizações dos explorados que a apoiam.
… defendendo uma politica própria
Nesse sentido, a esquerda classista e combativa deve buscar lutar por suas propostas também em torno desses temas, defendendo uma candidatura de luta para vice de Lula, como – por exemplo – de companheiros das grandes organizações de luta dos trabalhadores, que estiveram nas ruas contra o golpe e em defesa dos interesses dos explorados, como a companheira negra e trabalhadora rural, Carmem Faoro, secretária-geral da CUT, ou o companheiro João Paulo, dirigente nacional do MST.
Na mobilização por eleger Lula, é preciso levantar um programa de luta em defesa das reivindicações dos explorados – que só poderá ser conquistado por meio da mobilização popular – , que não esteja subordinado aos acordos que as forças políticas realizem ou busquem realizar com setores reacionários, preocupados em defender seus próprios interesses e os dos setores capitalistas que representam.
Um programa que se oponha às “saídas” da burguesia diante da crise. Saídas essas que significam esfolar ainda mais o povo trabalhador para preservar o lucro e o parasitismo dos bancos e grandes monopólios, que vivem de transferir todo o ônus da crise para as costas da população trabalhadora.
Um programa que aponte claramente a necessidade de expropriar a burguesia, o grande capital, por meio de medidas como a estatização do sistema financeiro sob o controle dos trabalhadores para colocar os recursos nacionais a serviço dos interesses da maioria da população. Que aponte a necessidade fundamental de impedir todas as privatizações planejadas pelos golpistas para o próximo período, bem como de cancelar todas as privatizações fraudulentas dos governos golpistas e neoliberais, de conquistar a nacionalização do petróleo e de todas as riquezas minerais para poder garantir os recursos para atender às necessidades do povo pobre e explorado.
A direita tem seus candidatos e seus programas e, por seus meios, luta para impô-los. A esquerda, os trabalhadores e a juventude, têm que debater e aprovar sua política e lutar por seus candidatos e seu programa. É eles ou nós!