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Cúmplices da perseguição

O caso Magno Souza e a hipocrisia da esquerda pequeno-burguesa

Diante da perseguição implacável, o que temos visto até agora da esquerda pequeno-burguesa é o silêncio e a condenação do índio

A campanha de Magno de Souza, candidato do PCO ao governo do Mato Grosso do Sul, revelou muito bem a hipocrisia dos setores ditos progressistas que se autointitulam defensores de índios. É interessante que esta posição não passa de uma fantasia criada por estas mesmas pessoas. Conforme estes círculos de burgueses foram tomando conhecimento da campanha do companheiro, suas rodinhas sociais, de whatsapp, barzinhos, festas ou academias, começaram a borbulhar. Sempre de modo privado, porque não gostam de nada muito público, principalmente os debates políticos que podem manchar suas reputações, fofocam contra o índio e sua candidatura.
Uma ideia que circulou a boca pequena é de que o índio, que consideram com muita estimação, estava sendo usado. A hipocrisia aqui se apresenta em seu modo mais puro, o sujeito não percebe sequer que a crítica que faz pressupõe justamente que ele possa falar pelo índio. E portanto, através de uma manobra bem sutil, é o próprio sujeito que faz a crítica que está se usando do índio. Ele faz aquilo que denuncia. E faz de tal modo que em sua cabeça sequer pode passar a hipótese de que o índio real pense diferente dele. Tudo isso se passa sustentado por um outro preconceito: “O índio não sabe o que faz, mas eu sei o que é bom para ele. Ele é usado porque não pensa por si, mas eu penso por ele”.
Esta postura expressa a relação da burocracia política da esquerda pequeno-burguesa com a base que diz representar. Sua política busca auxílio do próprio regime que oprime e esmaga o índio para promover reformas que não poderão nunca libertar o índio oprimido de sua opressão. À medida em que a crise no regime se aprofunda, os direitos apenas recuam e as reformas não são sequer capazes de mitigar o sofrimento e a violência contra o índio. A burocracia, no entanto, depende do regime, e não admite que o índio fale por si próprio, porque a emancipação política do índio representa a obsolescência desta mesma burocracia.
Quando o companheiro Magno Souza, que vive longe deste círculos, ouviu uma coisa ou outra, ele respondeu a toda esta gente de modo bem direto: “Eu não gosto que fiquem cuidando da minha vida. Eu não preciso que fiquem dizendo o que eu tenho que fazer, eles não são meus pais. Quero que me deixem em paz.”
Como a esquerda desacostumou ao trabalho de base, eles desconhecem e fazem questão de não conhecer, porque já foram convidados muitas vezes para participar, o trabalho do Comitê de Luta Guarani Kaiowá, do qual Magno é um dos principais participantes. A base do comitê foi construída por Magno e fica próxima à casa dele. Foi ali que ele mesmo hasteou duas bandeiras vermelhas, uma do comitê e outra do PCO. Este grupo se reúne há um ano e foi protagonista dos Atos Fora Bolsonaro em 2021 na cidade de Dourados. Também teve participação destacada nos Atos do Dia das Mulheres Trabalhadoras e do Dia dos Trabalhadores, fez caravanas para São Paulo e visitas a outras aldeias no estado. Disso a esquerda não sabe, nem querem saber porque dá muito trabalho.
Com o desenvolvimento da campanha, começaram as perseguições das oligarquias latifundiárias do Mato Grosso do Sul contra o candidato do PCO. Muitos da esquerda se deliciaram: “Olha só, está vendo…” De modo hipócrita, ao invés de condenar os agressores fascistas e antidemocráticos, tentaram culpar o índio diante do direito que tem de ser candidato. Ou seja, ao invés de defender o direito do índio, decidiram culpá-lo pela ousadia de usufruir de seu direito.
Muitos lavaram as mãos: “Estamos preocupados com a exposição do Magno, estamos preocupados com sua segurança”. Pois bem, devemos dizer: é perigoso mesmo. FAÇA ALGUMA COISA! E mais, o que querem? Querem que ele viva escondido, sem ser percebido, invisível? É isto que acham seguro? Que seja tratado como bicho? Em um aquário de lona, onde vez ou outra a esquerda vai buscá-los para dançar, rezar, para um ato, servem comida e depois os entregam de volta ao aquário? Ou como a direita que apenas em época eleitoral, despeja dinheiro na aldeia para conseguir seus votos.
Índios como Magno, vivendo em regiões em disputa direta com os latifundiários, são constantemente ameaçados e violentados. Nunca estão em segurança. A candidatura de Magno Souza expõe e denuncia esta situação. E a forma mais eficaz de garantir a segurança de Magno é reconhecer a sua candidatura, reconhecer sua importância, apoiá-la, e cercá-la da própria militância que defende os direitos dos índios como Magno.
Diante da perseguição implacável, o que temos visto até agora da esquerda pequeno-burguesa é o silêncio e a condenação do índio. Os primeiros a se posicionar deveriam ser justamente os candidatos dos partidos de esquerda, porque, ao fechar os olhos para a perseguição política, são eles próprios que correm o risco de amanhã serem os próximos.

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